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A Carne – Análise da Obra.

  • Foto do escritor: Fernando Carlos
    Fernando Carlos
  • 31 de dez. de 2018
  • 3 min de leitura

De Julio Ribeiro


Na época essa obra foi censurada, porque tratava de alguns temas que na época do século XIX eram tabus, como adultério, homossexualidade, o divórcio e o amor livre e o novo papel da mulher na sociedade, algo que até então era ignorado na literatura, mas o que mais chocou a sociedade hipócrita da época foramr temas como o desejo sexual, perversões, nudez e manifestação sexual sádica, ninfomaníaca e perversa , o que chamou atenção pelo debate que ele iniciou, mostrando a mulher independente. Mais que um mero escândalo sexual, o romance foi um dos livros mais discutidos e populares do país e embora sejam encontrados alguns exemplares antigos, estão mutilados, talvez por chocar de fato uma sociedade hipócrita que por décadas lhe aprisionou á margem da grande literatura


Pertence a escola literária naturalista. Publicado em 1888, o ano da abolição da escravatura e um ano antes da proclamação da república. Como o autor era anti-escravagista. Na obra temos a retratação dificílima dos escravos no interior de São Paulo, onde se passa a história. As características presentes na escola naturalista estão explicitamente presente, a carne, o instinto animal, a protagonista se deixa sentir sua natureza animal, a da fêmea posicionada abaixo do macho, a excitação crua e instintiva é o que guia os personagens para as situações que nossa mente racional não pode explicar.


Vemos algo inédito na literatura da época, que é a mulher superior ao homem, uma troca de papeis considerado distantes da realidade. Lenita consegue impor-se e mostrar seu lugar na sociedade machista na qual vive, mas, ao clamar os anseios do corpo, Lenita, segue o instinto animal, isto é, passa da posição de ser intelectualmente superior para a de animais com consciência do que faz e seu parceiro vai submisso aos encantos e desejos dela. Uma cena clara disse se dá quando a moça observa o ato sexual entre um boi e uma vaca e se excita. São marcas do naturalismo. A teoria mais evidente é sem dúvida o Darwinismo.

Numa citação do livro: “A palavra amor é um eufemismo para abrandar um pouco a verdade ferina da palavra cio.

Fisiologicamente, verdadeiramente, amor e cio vêm a ser uma coisa só”. São realmente guiados pela carne e com instinto animal, onde corpo e mente não se equiparam, mas formam uma cadeia hierárquica. Na conclusão trágica, Barbosa percebe que o cérebro e toda sua inteligência de nada valiam sem o corpo: “Tudo morrera: só vivia o cérebro, só vivia a consciência, e vivia para a tortura...”.

Lenita, no fim do romance, se casa,

mostrando sua superioridade e iniciativa própria, não se rebaixando ao ciúmes ou a tirar satisfação com seu parceiro, mostrando sua total independência do homem que ama, mas que ela é mais que isso. No caso dela, a inteligência controla o corpo, o que não ocorrera em Barbosa. E é essa a essência da obra de Júlio Ribeiro: o intelecto pode até guiar o homem, mas, o que manda, é a carne.


A inversão se mostra quando Lenita, por ser filha única, é quem recebe do pai os conhecimentos necessários para dar continuidade ao nome e à sagacidade da família. Na fazenda é Lenita quem caça e demonstra ser uma exímia caçadora, Barbosa servil é quem leva a arma e as caças. Lenita é quem toma sempre a iniciativa no que concerne a possibilidade da realização amorosa e quando percebe que Barbosa não era o homem que ela deveria ter para si, é ela quem toma a atitude de se retirar da fazenda e ir para São Paulo. Barbosa ao saber do casamento de Lenita e a fuga para Europa, sucumbe e morre ao final do romance, invertendo o estigma da heroína romântica.

 
 
 

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