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A Volta ao Mundo em 80 Dias

  • Foto do escritor: Fernando Carlos
    Fernando Carlos
  • 24 de fev. de 2020
  • 9 min de leitura

Jules Verne

Uma coisa não se pode discordar, que a fervilhante imaginação de Jules Verne não tem limites, parece uma fábrica de criatividade, criador de situações, máquinas, engenhocas e criaturas que nos convence que de fato existem ou pode existir. Vimos na postagem de 20 000 Léguas Submarina que ele fez várias previsões que se tornaram reais, sem que na época pudesse supor a possibilidade e viabilidade de um submarino, roupas com escafandro e bomba de oxigênio e também a matança indiscriminada com a possibilidade de extinção da espécie baleia e tantas outras coisa que serviram para inspirar outros autores até os dias de hoje, uma cativante literatura para se adaptar para o Cinema, o que a década de 50 usou e abusou, para mostrar a superioridade dos EUA, grande vencedor da segunda grande guerra mundial, mas ele era uma voz solitária dentro da ficção científica, tanto que ele é o pai desse gênero.

Seu editor sabia que outros autores se davam muito bem no estilo literário Romantismo, como Victor Hugo amigo pessoal de Jules Verne, mas que não tinha a mínima verve romântica em suas veias para compor nesse estilo. Fora da literatura Jules Verne escreveu peças de teatro, folhetim e tantos outros contos, mas que foram fracassos estrondosos. As pessoas gostavam de ler seus livros de viagens e aventuras, assim foi com viagem ao centro da terra, viagem a lua, 20 000 léguas submarinas, pois ele colocava as novas tecnologias já testadas e prol a suas fantásticas obras de uma forma tão didática que a população não científica aprendia com suas obras, mas ele ia além com coisas inimagináveis como, por exemplo, a Viagem a Lua, embora os dados de lançamento ele acertasse definitivamente, ele dizia na obra que era no atual cabo Canaveral nos EUA e os lançamentos reais dos foguetes foram de lá mesmo. Como ele previu isso? Um mistério que ele levou para a tumba, Da mesma forma o modo de propulsão do foguete, foi exatamente o que ele havia previsto em sua obra Viagem a Lua.


O fato é que seu editor pediu que em suas obras tivesse mais romantismo e humanidade, além de colocar em suas viagens cenas que revelasse aspectos de cada lugar. Se em 20 Mil léguas submarinas tudo acontece no fundo do mar, ele poderia colocar situações em terra, falando do país, pois era o que o grande literário da sua época na França Victor Hugo fazia, uma descrição precisa de Paris, no que se refere a obra Notre Dame ou Os Miseráveis. Na Inglaterra havia Charles Dickens, considerado o romancista inglês mais popular da era vitoriana, Charles Dickens deixou um legado escrito repleto de clássicos da literatura. Charles Dickens foi pioneiro na introdução da crítica social na literatura e em sua obra expunha os problemas sociais da Inglaterra, a violência, pobreza, o desemprego e a prostituição. Sua consciência social o levou a criar iniciativas sociais, como uma reforma sanitária e até mesmo a construção de um hospital infantil.

Pois bem, Estava lançado o desafio de pesquisa, já que Victor Hugo conhecia a frança, mas ele morou sempre em Verne, uma cidade litorânea e próximo ao mar e, portanto, ao cais do porto, mal conhecia Paris e pouco conhecia a Inglaterra e, mesmo assim, se instrumentalizou em conhecimentos técnicos para escrever Viagem ao Mundo em 80 Dias. Embora no dias de hoje possamos fazer em horas, usando aviões, naquela época dos meados do Século XIX era inimaginável, mas duas grandes obras mudaram o pensamento de Jules Verne, a construção da linha de ferro nos estados unidos transcontinental, que levava o Leste ao oeste, isto é, atravessava todo o continente partindo do Oceano Atlântico terminando no Pacífico e vice versa e a abertura do “Canal de Suez” que ligava o Mar Mediterrâneo ao mar Índico, encurtando uma viagem da Inglaterra para Índia, que era sua colônia. Essas obras da engenharia dariam combustível para que Jules Verne escrevesse sua viagem ao mundo em 80 dias fazendo justamente uso dessas novas passagens e novos caminhos usando apenas barco a vapor e locomotiva, talvez surgisse um romance no percurso, coisa que em nenhuma obra se viu.


O Planeta terra possui uma circunferência de 40 000 Kilómetros e a média de uma viagem nos dias de hoje com paradas e descanso ao redor do mundo leva no mínimo 6 a 10 dias com objetivo único de fazer a circunferência. A viagem da história se passa em 1872, o livro é publicado no ano seguinte. O país de origem da viagem era a Inglaterra, na Era Vitoriana, a maior potencia mundial da época, portanto é certo que foi a primeira nação que iniciou sua revolução industrial com tamanho poder da marinha e vasta colonização em países prospero e com riquezas naturais, tendo a índia como colônia mais importante devido ser a maior produtora de condimentos, pedras preciosas e ter uma sociedade bem diversa da Inglesa, mantinha a tradição da sociedade de castas. De lá também veio o grande obra do naturalista Charles Darwin (1809-1882), a evolução das espécies, que mudou o rumo das ciências biológicas e havia ainda o diário de bordo de sua viagem com o Beagle a Galápagos, servindo de inspiração para um diário de viagens ao redor do mundo.


A Inglaterra era o centro das atenções do mundo nessa época e de lá que surge nosso personagem Phileas Fogg, que era um homem extremamente rico, inteligente, pragmático, excêntrico, preciso fazia parte da classe dos gentis (gentleman) e era compulsivo-obsessivo. Ele era um solteirão muito culto, mas tinha uma rotina rigorosamente meticulosa, sempre saia na mesma hora, fazia as mesmas coisas da mesma forma, ia para o clube dos gentis Reform Club, um clube para cavaleiros da alta sociedade de Londres detentora de poder e prestígio jogar Cricket. Num dia desses ele entrou numa discussão sobre ser possível viajar ao redor do mundo e 80- dias e ele afirmou categoricamente que era possível, traçou a reta, Londres, Suez, Bombaim, Calcuta, Hong Kong, Yokohama e do Japão atravessa o Oceano Pacífico chegando em São Francisco, atravessa o continente por trem até Nova York voltando para Londres em apenas 80 dias, seus amigos não acreditam, ele gostava de entrar em discussões calorosas sobre as novidades ele faz uma aposta, se ele não conseguir ele pagará 20 mil libras, a metade de sua fortuna e caso ele consiga, eles terão que pagar e assim é feito o contrato, mas na mesma ocasião teremos um roubo ao banco de Londres e o grande suspeito, sem que ele saiba, é justamente Fogg devido a semelhança física descrita por testemunhas que viram o assaltante e ele estava com um capanga. Sem saber disso Fogg pede para o recém criado contratado de origem francesa Passepartout (chave mestra) a arrumar as malas e partem para a viagem. O detetive Fix irá perseguir Fogg com ordem de prisão e atrapalhar de certa forma sua viagem.


O interessante é quando eles estão na Índia não foi terminada a linha de trem, eles tiveram que alugar um elefante e naquele momento acontece o funeral de um príncipe e pela tradição seu corpo deve ser cremado numa pilha de madeira e sua esposa deverá ser queimada viva junto ao marido. Esse ritual se chama Sati. Através de manobras de Passepartout ela escapa de ser queimada e é salva pelos dois e em gratidão ela vai viajar com ambos até o fim e aqui temos um flerte entre o professor e a princesa Indiana. Passepartout se mostra ingênuo e atrapalhado, diferente de seu patrão, sempre esperto e equilibrado. Segundo a descrição a Sra. Aouda é uma jovem indiana da religião Parcis de uma beleza européia e muito agradável. Ela segue com eles pelo restante da jornada. De Calcutá partem para Hong Kong de barco a vapor e lá o detetive Fix começa a atrapalhar a viagem, pois quer capturar Fogg, embriaga seu criado, que não acredita que seu mestre é um ladrão, eles se desencontram, atrasam, mas no final se encontram em São Francisco (EUA). No meio do caminho para Nova York um bando de índios Sioux ataca o trem e leva Passepartout como refém, mas é resgatado pelo seu amo e a viagem prossegue. Chegam atrasados a Nova Iorque, tendo perdido o navio que partira de lá para Liverpool, mas Fogg consegue alugar outro navio que os levaria até a costa inglesa e chegam finalmente ainda em tempo de Fogg ganhar a aposta, Fix consegue prendê-lo. O fato é que o verdadeiro ladrão já havia sido preso há três dias e eles partem para Londres para ganhar a aposta. Existe uma confusão de fusos horários, eles pensam que chegaram atracados, mas percebe que, ao contornar o mundo indo sempre para leste, Fogg ganhara um dia de vantagem, o que não havia notado. Ainda havia tempo para ganhar a aposta. Nesse ínterim, Fogg finalmente pede a moça em casamento e ela aceita. Seus colegas o esperavam no salão no Clube reformador no horário combinado, quando Phileas Fogg chega.

Essa sem, dúvida é a obra menos científica de Verne e o Romance que se vislumbra não sai da intenção, isto é, se existe amor entre os personagens, é totalmente Platônico, mas comovente. O personagem


Filme de 1956 com direção de Michael Anderson. O filme é recheado de participações especiais de personalidades da época, como Franck Sinatra.

Sinopse: Em 1872, o nobre inglês Phileas Fogg (David Niven) aposta 20.000 libras com seus colegas do Clube Reformatório de Londres de que ele consegue dar a volta no planeta em exatamente 80 dias. Ao lado do engenhoso valet Passepartout (Mario Moreno), ele busca cumprir o seu objetivo com aventuras em todos os continentes, acaba conhecendo e se encantando pela bela viúva Aouda (Shirley MacLaine), ao mesmo tempo que, em uma conspiração, é acusado de ter roubado o dinheiro que investiu na aposta.

Filme com pequenas alterações, levemente mais cômico que o livro, mas fiel ao seu propósito e já é um clássico.


Refilmado em 2004 como A Volta ao mundo em 80 dias, uma aposta muito louca. Direção Frank Coraci. No filme de 2004 com Jackie Chan eles invertem e quem é atrapalhado e bovo é o cavaleiro, isso fez com que o filme ficasse desacreditado.

É o último filme em que Arnold Schwarsnegger atuou antes de ser eleito Governador da Califórnia. O filme é tão ruim que ganhou o prêmios FRAMBOESA DE OURO de 2005.

Sinopse: Londres, final do século XIX. O inventor Phileas Fogg (Steve Coogan) é visto pela conservadora comunidade científica, liderada por Lorde Kelvin (Jim Broadbent), como um excêntrico, pois acham suas idéias mirabolantes. Fogg está usando um oriental, que diz chamar-se Passepartout (Jackie Chan), como piloto de testes. Na verdade ele é Lau Xing, um chinês que pegou de volta o Buda de Jade, um estatueta que protegia seu povo e tinha sido roubada por uma facção rival e colocada no Banco da Inglaterra. Recuperar a estatueta não é suficiente para Lau, pois ele precisa levá-la de volta para sua aldeia. Assim instiga Fogg a fazer uma aposta com Lorde Kelvin, que não envolvia dinheiro e sim prestígio. Para vencê-la Fogg precisa dar a volta ao mundo em no máximo oitenta dias, algo impensável para a época. Fogg aceita o desafio, que em si já é bem difícil, ainda mais com Lorde Kelvin e seus amigos fazendo todo o tipo de trapaça para Fogg perder a aposta. Logo no 2º dia de viagem, em Paris, Monique La Roche (Cécile de France), uma garçonete que sonha em ser pintora, se une aos dois amigos em uma viagem cheia de aventuras e perigos através do mundo.


Este filme foi indicado para o Framboesa de ouro como pior remaker. Como adaptar um livro de Jules Verne para os cinemas?

Nos dias de hoje devemos usar muita criatividade e efeitos especiais, pois se trata de ficção científica, de aventura e de espetáculo, mas essa obra é a que tem menos ficção de todas, pois a proposta dentro da aposta era de cumprir a aposta da viagem, usando somente barco a vapor e linhas de trem e não temos quase nada do que o filme apresentou como balões e até um planador. Teve o uso de elegante e uma cena impressionante da princesa no sacrifício na Índia, aqui sem nenhuma referência. Dessa forma deveríamos observar que o roteirista mudou drasticamente a adaptação para criar seu enredo, digamos apenas inspiração na obra e de péssimo gosto. Nesse filme a história é focada no Jackie Chan e liberdade para as cenas de luta, sempre como carro de frente, o que nada tem haver com o intuito do livro e fica totalmente deslocado da história, passando a atrapalhar a dinâmica do enredo, ao invés de acrescentar, torna o filme desconexo, sem sentido, sem foco e atrapalhado. A atuação de Steve Coogan está primorosa o que não se pode falar o mesmo para seu fiel escudeiro Passepartout interpretado por Jackie Chan. Outra observação é que ficou confuso saber quem é o protagonista da história, porque Chan é quem aparece mais, embora não tenha talento algum para atuar e isso é visível e forçado demais, em se tratando de uma obra prima de Jules Verne uma afronta e demérito.


O filme foge demais dos lugares lindos e ricos abordados na Índia, trocada pela encenação paralela na China, lamentável. Conta com participações mais do que inusitadas de Rob Scheneider, Arnold Schwarzenegger e Owen Wilson, mas nem isso é levado a elevar o nível, pelo contrário. Arnold é o príncipe que na historia original faleceu e aqui ele está bem vivo e na sua pior interpretação que levou a indicação ao Framboesa de ouro. Ao invés de tratar do ritual da cremação do corpo do falecido príncipe e a condenação de sua esposa a pilha de chamas “Sati” temos uma crítica velada a cultura artística versos ciência, num encontro da exposição impressionista, presente nada menos que Van Gogh, uma pintora que mostra seu quadro Cães Jogando Pôquer, que na verdade é uma série de pinturas realizadas pelo pintor estadunidense Cassius Marcellus Coolidge, sendo que primeiro quadro da série, chamado Poker Game, foi pintado em 1894 não tendo nada haver com a exposição impressionista, portanto não foi exibida na primeira exposição impressionista de 1874. Mas com tanta liberdade de mudar a obra e fatos históricos passa a ser cômico sem ser engraçado. Nota Zero.

Sites consultados

estantevirtual.com.br

Wikipédia.org

Adorocinema.com

 
 
 

1 Comment


fabiovianaradialista
Feb 24, 2020

Sensacional amigo o livro A Volta ao Mundo em 80 Dias é uma maravilhosa aventura e o filme de 1956 é um clássico que marcou a minha infância. O filme d 2004 é bem divertido e Jackie Chan ele fez sucesso no cinema pelas suas lutas atrapalhadas e em Hollywood ele provou que em termos de atuação ele não convenceu. Assino embaixo a sua análise e obrigado de coração por atender meu pedido.

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