A Ilíada
- Fernando Carlos
- 13 de jun. de 2019
- 8 min de leitura

Homero
Muitos conhecem essa obra como sendo a narração por Homero, autor cego grego, que conta a história da guerra de Troia, sendo que Ilion seria uma fortaleza dentro de Troia reinado por Priamo, mas é um ledo engano, pois essa obra supõe que o leitor já conheça mitologia grega e os rituais gregos e conta somente os 40 últimos dias da batalha entre Gregos e Troianos, mais especificamente a luta entre Aquiles, um semi deus considerado o maior guerreiro dos Gregos e Heitor, o grande guerreiro de Tróia, filho mais velho de Priamo, rei de Tróia e irmão de Paris que, supostamente seqüestrou a esposa de Menelau, irmão do rei da Grécia Agamenon e não sabemos nesse livro quem vence a guerra, embora se supõe que sejam os gregos, por ser escrito por um grego, mas nem a existência de Homero é confirmada, já que muitas partes da história tem outro tipo de narrativa, mostrando que a obra toda teve vários autores.

A obra escrita por volta de 8 anos AC, contando um episódio que houve por volta de 1200 anos AC, isto é, 400 anos de diferença é uma obra trazida por tradição oral, isto é, foi contada em versos desde lá e temos ao todo 15 693 versos em estilo grego (hexâmetro datílico), O poema foi então posteriormente dividido em 24 cantos, divisão que persiste até hoje. Onde cada canto corresponde a uma letra do alfabeto grego e é considerada a obra mais importante para a humanidade ocidental, já que nossa cultura é grego-romana e essa é a obra mais antiga desse período denominado época micênica e, portanto foi denominada de período Homérico. A obra inicia com o pedido de Crises a Aquiles e Agamenon a devolução de sua filha que era uma ninfa do templo de Apolo e que foi levada como espólio de guerra.

Já estamos décimo ano do cerco a Ilion (Tróia) e não sabemos o porquê dessa guerra que já dura 10 anos, somente que a mulher de Menelau chamada Helena está nas mãos de Páris e precisa voltar para a Grécia, isso é uma questão de honra para os aqueus (como eram chamados os gregos). Nesse décimo ano eles começam a dominar cidades de Tróia e invadir e saquear templos e um deles foi de Apolo. Agamenon, o comandante aqueu fica com uma moça chamada Criseida, enquanto Aquiles pega outra bela jovem Briseida, mas Criseida era filha de Crises, o sacerdote do “Deus Apolo (deus da beleza e perfeição),” que pede a Agamemnon que lhe restitua a filha em troca de um resgate, mas é recusado e o pai ofendido pede ajuda a seu Deus que manda pragas entre os gregos obrigando que Agamenon devolva a moça ao pai, mas ele toma de Aquiles sua escrava Briseida, como forma de compensação. Este, ofendido, se retira da guerra. (A palavra crise vem dessa lenda).

Aqui devemos explicar que Aquiles é filho de uma ninfa do mar Egeu (Nereida ) chamada Tétis com um humano chamado Peleu rei dos povos Tessálicos que estavam na guerra de tróia. O fato é que Tétis era cobiçada por Zeus e Posseidon, sendo orientado por Prometeu a respeito de uma profecia que dizia que Tétis daria luz a um filho ainda maior que seu pai. Por este motivo, os dois deuses desistiram de cortejá-la, e fizeram-na se casar com Peleu. Sua mãe tentou fazê-lo imortal, mergulhando-o no Rio Esfinge, mas deixou-o vulnerável na parte do corpo pelo qual ela o segurava, seu calcanhar, o tendão de Aquiles. Se ele fosse fechado nesse local, ele morreria. Também sua mãe deu duas opções, ter uma vinda breve e gloriosa ou longa e tediosa e claro que ele escolheu ser lembrado pelo resto de sua vida como herói de guerra. Todos sabiam que os Aqueus somente ganhariam a guerra se Aquiles continuasse lutando e ele sabia que se continuasse na guerra ele morreria, mas os aqueus venceriam, isso já foi profetizado pela sua mãe, uma deusa e nesse momento ele desistiu de guerrear, inclusive ele chora para sua mãe, que interceda junto a Zeus e dizendo que queria a escrava dele de volta, uma cena até cômica.

Menelau insulta Páris, que propõe um duelo, porém seu irmão Heitor, o maior herói troiano e sem ele tróia perderia a guerra, reitera o desafio dizendo que a guerra seja decidida numa luta entre Menelau e Páris. Menelau aceita e Helena assiste o duelo juntamente com Príamo do alto da muralha. Quando Menelau está para derrotar Páris, Afrodite intervém e o retira da batalha envolta em névoa, levando-o ao encontro de Helena, mas Agamemnon declara que seu irmão venceu a disputa e exige a entrega de Helena e pagamento do resgate. Porém Hera e Atena protestam junto a Zeus, pedindo a continuidade da guerra até a destruição de Tróia. Zeus cede em troca da não intervenção de Hera, que protege Tróia. Outros Deuses vão intervir e a guerra continua, hora com vantagens para um, hora para outro, sendo que o Deus da guerra Ares defende Tróia.

Novamente teremos as intervenções dos Deuses. Apolo, que está do lado dos troianos combina uma trégua com Atena, do lado dos Aqueus e incitam Heitor a desafiar o herói grego ao duelo Aquiles, mas Zeus proíbe os outros deuses de interferir.
Durante a noite Agamemnon se desespera, percebendo que havia sido enganado por Zeus e, por conselhos de Nestor e envia a Aquiles uma embaixada composta por Odisseu, Ájax e o veterano Fênix para pedir ao herói que retorne à batalha. Aquiles, ainda irado, não cede.
Hera consegue convencer Hipnos a adormecer Zeus para poder interferir na guerra. Os gregos aproveitam desse momento para recuperar alguma vantagem e Ájax fere Heitor. Porém Zeus acorda e, vendo os troianos dispersos e a momentânea vitória grega, reconhece a obra de Hera e a repreende. Hera diz que Posidão é o único culpado e Zeus a manda falar com Apolo e Íris para que estes instiguem os troianos novamente à luta. Então Zeus impede Posidão de continuar interferindo, e os troianos retomam a vantagem. Os maiores heróis aqueus estão feridos.

Finalmente Pátraclo, por quem Aquiles teria uma relação homo-afetiva, implora a seu possível “namorado,” que se junte aos aqueus, mas aconteceria algo inusitado, Pátraclo coloca as roupas de Aquiles, pega o escudo dele e volta para a guerra e é morto por Heitor, que pensava ter matado Aquiles e percebendo que é Pátroclo e não Aquiles gera uma ira em Aquiles que quer vingança e teremos outra cena cômica, em que Heitor foge de Aquiles e fica correndo ao redor da muralha de Tróia e Aquiles correndo atrás. Ele o confronta para um duelo. Teremos uma das passagens mais emocionantes da obra, quando Heitor encontra-se com sua esposa e seu filho e fala sobre o seus futuros, é bastante triste, pois Heitor pressente que Tróia cairá e é morto as vistas de seu pai Priamo por Aquiles.

Uma das cenas mais tenebrosas e odiosas da obra é a vingança de Aquiles, que amarra o corpo de Heitor na sua biga e fica puxando ao redor da sepultura do seu amante Pátraclo. Na tradição grega isso é um dos maiores insultos e erro, pois o corpo é sagrado e necessita ser feito o funeral para que Hades aceite no mundo dos mortos.
Antes de morrer, já vendo que o duelo estava perdido, Heitor implora a Aquiles que permita que seu corpo seja devolvido a Tróia para ser devidamente velado. Aquiles, implacável, nega e diz que o corpo de Heitor será pasto de abutres enquanto o de Pátroclo será honrado.
Durante a noite, o idoso Príamo vem escondido ao acampamento grego pedir a Aquiles pelo corpo do filho. O seu apelo é tão comovente que Aquiles cede, chorando, com a ira arrefecida. Aquiles promete trégua pelo tempo necessário para o adequado funeral de Heitor. Príamo leva o cadáver de seu filho de volta para a cidade, onde são prestadas as honras fúnebres ao príncipe e maior herói de Tróia.

Esta obra é uma das mais importantes da antiguidade. Não retrata fielmente a guerra, pois foi escrita quatro séculos após o fato, mas é um ótimo relato histórico sobre a cultura, o comportamento e a vida cotidiana dos gregos antigos. Destacam-se como os deuses interferiam a todos os momentos nos fatos da história. Os personagens principais são Aquiles e Heitor, pois Helena (que significa grego) quase não aparece na história e quando ela aparece suas falas são denegrindo-se a si mesma: “Eu sou uma cadela, sou a culpada de toda essa guerra, eu mereço ser punida...” Não sabemos se ela foi seqüestrada ou foi de livre e espontânea vontade para Tróia.

O que sabemos é que na mitologia grega três Deusas disputavam uma maçã de ouro posto num banquete pela Deusa Eris (Deusa da Discórdia, são elas: Afrodite (Deusa do desejo sexual, sensualidade e da beleza), Atena (Deusa da sabedoria) e Hera (Deusa do casamento e fidelidade) e pediram para o jovem príncipe Paris decidir quem comeria a maça de ouro e como ele decidiu por Afrodite, ela prometeu que a mulher mais linda do mundo seria dele e Helena, a esposa de Menelau era a mulher mais linda do mundo. Numa visita diplomática à casa de Menelau, Páris foi embora com a sua esposa Helena. Páris era filho do rei Príamo de Tróia e Menelau era rei grego irmão de Agamenon. Odisseu, rei de Ítaca vai aparece na outra obra, que seria a continuação de Ilíada, que narra a ofensa que ele fez a Posseidon e a volta para sua casa. Como podemos ver, a lenda do cavalo de tróia não faz parte dessa obra.

Filmes.
Tróia (2004) direção de Wolfgang Peterson. Em 1193 A.C., Paris (Orlando Bloom) é um príncipe que provoca uma guerra da Messência contra Tróia, ao afastar Helena (Diane Kruger) de seu marido, Menelaus (Brendan Gleeson). Tem início então uma sangrenta batalha, que dura por mais de uma década. A esperança do Priam (Peter O'Toole), rei de Tróia, em vencer a guerra está nas mãos de Aquiles (Brad Pitt), o maior herói da Grécia, e seu filho Hector (Eric Bana).
Como filme foi um espetáculo, boa fotografia,bom roteiro, bons figurinos, boa direção e ótimo elenco, além de gigantesca produção, um épico, mas como adaptação foi extremamente criticado, Priaclo não tinha uma ligação fraterna, ele não era primo de Aquiles, mas não é só pequenos erros de livre adaptação, pois no final, mesmo na obra original não fica claro quem acerta a flechada no calcanhar de Aquiles, jamais Helena ficaria com Páris, já que pela propicia, Aquiles morre e os Aqueus ganham a guerra e Helena volta para os braços de Menelau. Nota 8.

Helena de Tróia, paixão e guerra. (2004) direção de John Kent Harrison. Helena (Sienna Guillory) é a deslumbrante esposa de Menelau (James Callis), o Rei de Esparta, que a exibe como se fosse um troféu. Infeliz com seu casamento arranjado, a moça deseja a companhia de um belo homem com quem ela teve uma visão: Paris (Matthew Marsden), o príncipe de Tróia. Quando o rapaz consegue "sequestrar" Helena e levá-la para sua terra natal, para que eles possam viver um romance, o pai dele, Rei Priam (John Rhys-Davies) os recebe de braços abertos, apesar dos avisos de maus presságios. Com a honra manchada, Menelau, com o apoio de seu irmão Agamenon (Rufus Sewell), declara guerra à Tróia, iniciando um conflito que duraria dez anos.

Um filme maravilhoso, romântico que trás a história de Homero para os dias de hoje, boas atuações, produção mediana, atuações fracas, mas que consegue nos envolver. Sobre a adaptação é pura invenção livre, totalmente fora do contexto da obra Ilíada. Nota 7.
Helena de Tróia (1956). Direção de Robert Wilse. Adaptação livre da obra de Homero Ilíada sobre a Guerra de Troia. Páris de Troia (Jacques Sernas) viaja para Esparta para conseguir um tratado de paz entre as duas cidades, mas seu navio teve que voltar devido uma tempestade e nas costas de Esparta é encontrado por Helena, a rainha, por quem se apaixona, esposa do rei Menelau (Niall MacGinnis) irmão de Agamenon (Robert Douglas).

Depois de seqüestra-la os Aqueus se juntam, Odisseu (Torin Thatcher), Aquiles (Baker) e muitos outros líderes gregos fazem a guerra com Troia. Os gregos se unem e cercam Troia com seus exércitos, clamando por sua rainha e por Páris, até que fica claro que tudo que desejam são os tesouros troianos e não Helena. A vitória acaba sendo grega através da famosa armadilha do Cavalo de Troia.

Quando tentam fugir, Helena e Paris são cercados por Menelau que é enfrentado em duelo por Páris, que vence o combate mas é esfaqueado pelas costas à traição. Helena é forçada a voltar a Esparta com Menelau, mas sabendo dentro de si que algum dia se reunirá a ele.

Certamente foi uma adptação bastante livre, sendo extremamente polêmico na época de seu lançamento, mostrando Páris como um herói e gregos como saqueadores e traidores, que usaram a busca por Helena como desculpa para se apossar dos tesouros de Troia. Nota 5/10.
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