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A Missa do Galo, Análise da obra.

  • Foto do escritor: Fernando Carlos
    Fernando Carlos
  • 19 de jan. de 2019
  • 4 min de leitura

Autor: Machado de Assis.

A obra machadiana é dividida em romântica e realista, esse conto é da frase realista, em que a narrativa procura analisar, sondar as mazelas e dramas do ser humano afim de expor para o leitor a possibilidade de analisar o psicológico do personagem dentro de uma sociedade hipócrita. Seu estilo é marcado por essa sutileza em investigar a alma humana marcada por um pessimista disfarçado com humor (sátiras e ironia).

Resumo da obra e análise.

A obra é um conto curto de apenas 7 páginas e assim como já descrevi, se passa na véspera do natal. O personagem protagonista é um jovem de 17 anos de idade, Nogueira que está morando com parentes no Rio de Janeiro, para estudar na capital e lá mora o casal Menezes, marido infiel, que fala que vai ao teatro, mas todos sabem que ele vai para a casa da amante e sua esposa Conceição,

tratada com desdém, sendo apenas uma mobília a mais na casa. Após o jantar, Meneses sai apressado e diz que vai ao teatro e Nogueira questiona se eles não iriam juntos, mas ele manda que fique e assista a missa do Galo com o vizinho.

O jovem fica acordado lendo a obra Os três Mosqueteiros de Alexandre Dumas na penumbra da sala, "Naquela noite de Natal foi o escrivão ao teatro. Era pelos anos de 1861 ou 1862. Eu já devia estar em Mangaratiba, em férias; mas fiquei até o Natal para ver a missa do galo na corte. A família recolheu-se à hora do costume; eu meti-me na sala da frente, vestido e pronto.


Dali passaria ao corredor da entrada e sairia sem acordar ninguém. Tinha três chaves a porta; uma estava com o escrivão, eu levaria outra, a terceira ficava em casa. apenas com uma vela e é surpreendido pela presença de Conceição... Conceição entrou na sala, arrastando as chinelinhas da alcova. Vestia um roupão branco, mal-apanhado na cintura. Sendo magra, tinha um ar de visão romântica, não disparatada com o meu livro de aventuras. Fechei o livro; ela foi sentar-se na cadeira que ficava defronte de mim, perto do canapé. Como eu lhe perguntasse se a havia acordado, sem querer, fazendo barulho, respondeu com presteza: -Não! Acordei por acordar."

Encabulado no início, ela o tranquiliza e começam uma conversa muito aprazível. De inicio ela já questiona a obra romancista e aventureira que Nogueira está lendo e daí em diante o diálogo flui naturalmente. O Jovem se sente perturbado com a presença da mulher, que aos poucos vai assumindo uma postura mais personalística, o que vai se desvelando uma mulher com idéias e opiniões que jamais antes ele havia visto.

Ele, aos poucos, começa a ver o lado feminino dela, sua beleza não reconhecida até então e se encantando a cada palavra que sai de sua boca, até que chega o tal vizinho e o chama pela janela para irem a missa."Pouco a pouco, tinha-se inclinado; fincara os cotovelos no mármore da mesa e metera o rosto entre as mãos espalmadas. Não estando abotoadas as mangas, caíram naturalmente, e eu vi-lhe metade dos braços, muito claros, e menos magros do que se poderia supor".


Na análise da obra mostra que essa mulher passiva, dócil e traída mostra para o garoto que ela é um ser humano completo, com suas vontades e desejos, sua inteligência e delicadeza e mais que isso, sedutora. Quantos sonhos foram desperdiçados até agora? Tudo que ela queria realizar,. Mas estava atrelada a um casamento fracassado e ainda pior, morando com sua mãe e dependendo totalmente do marido. Ideais jogados no lixo, mas naquele momento, naquela noite o milagre natalino proporcionou um momento mágico, em que ela pode se expor, se mostrar e conquistar uma alma virgem e sem noção de malícia. São tantas coisas que podemos retirar dessas 7 páginas do conto que encher[íamos mais 7 somente analisando os acontecimentos que duraram 20 minutos.

O conto é cheio de ambigüidades e ironia.

Os analistas especializados divergem da conclusão. Para uns esse ato de Conceição foi premeditado, que foi articulado no momento em que ela teve a chance de se vingar de seu marido Meneses ao cativando o jovem. Outros acreditam que não, que foi a chance dela poder se mostrar, se abrir e se encantar naquela noite, naquele momento revelando uma personalidade, que não é apenas uma mobília decorativa na casa. De qualquer forma, foi o milagre de Natal.


No final da obra, que não está no filme, a rotina volta ser o que era antes como se nada tivesse acontecido e ela trata Nogueira, o jovem, como dantes, sem lhe dar a menor atenção e tratando com a distância que uma dona de casa casada, que recebe uma visita, se comportaria. Por esse final, muitos críticos analista da obra até cogitam que tudo que se passou no conto foi apenas uma ilusão, uma fantasia dele, já que ele estava inebriado com a leitura de aventuras e conquistas dos três mosqueteiros.


Ele retorna a casa e Meneses já havia morrido e ela se casado novamente em poucos meses depois da morte, mostrando seu caráter forte e dominador, mas ainda, seu poder de persuasão e sedução.

 
 
 

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