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Viagem ao Centro da Terra

  • Foto do escritor: Fernando Carlos
    Fernando Carlos
  • 19 de fev. de 2020
  • 10 min de leitura

Jules Verne

Esse é meu livro de cabeceira e o livro que mudou minha vida por completo, pois já havia iniciado meus estudos para piano e um dos meus grandes ídolos é o maior tecladista do mundo, saído do grupo de Rock progressivo Yes chamado Rick Wakeman e em 1975 esse monstro sagrado das teclas veio para o Brasil, sendo que não era uma constante vir tantas bandas internacionais aqui e muito menos de Rock e a obra que ele apresentou foi seu grande clássico de rock sinfônico, apresentado na íntegra Viagem ao Centro da Terra, além de faixas de Rei Arthur e os cavaleiros da Tavola Redonda e As Seis Esposas de Henrique VIII, acompanhado pela Orquestra Sinfônica de Campinas com regência do maestro Isaac Karabtchevsky, outro grande ídolo da minha juventude com narração do genial e saudoso ator Paulo Autran. O show foi no ginásio da Portuguesa. Eu simplesmente pirei e fui atrás da obra em que se baseava esse concerto desconcertante. Não poderia julgar o que me emocionou tanto, pois eu fui remetido a um outro plano espiritual e bebi cada nova, cada frase e entrei de cabeça na aventura no centro da Terra. Certamente a obra, o livro em si despertou em mim algo novo, desejo de conhecer mais, de me aventurar, de ser um professor como ele e ter gosto da leitura e pesquisa e até hoje eu faço isso com devoção e, certamente eu toco piano inspirado no ídolo Rich Wakeman, além de Elton John e Guilherrme Arantes, minhas três inspirações e tenho toda a discografia do mestre. Também li outras obras do Verne assim que pude e que foram traduzidas para o português, já que é escrita originalmente em francês, língua que não tenho familiaridade e com linguagem mais científica, o que dificulta muito a tradução.


Nos anos 1970 nós vivíamos o som típico da “Discoteca” uma música alienante voltada somente para se dançar nos salões com luzes psicodélicas, já que estávamos impregnados pela cultura americana e vivíamos um período cruel da nossa história nacional pós golpe militar em 1964, estávamos sob um regime ditatorial e regido pelo ato institucional número 5 (AI 5) que tirava toda a liberdade de expressão do cidadão e os direitos dos políticos, os anos de chumbo, que terminaria somente 10 anos depois desse show (1975) e não era nada comum a grupos e astros do Rock Internacional buscarem suas platéias no Brasil,pois éramos consumidores apenas de música pop e por sorte minha tivemos essa importante visita naquele período. Somente depois, quando o rock progressivo estava em alta, ele era um dos artistas mais populares na época, e tocou justamente no nosso Brasil e teve sua consagração. Todos ficaram de boca aberta ao perceberam que a moçada conhecia a fundo o repertório de Rick Wakeman e reagimos ruidosamente aos primeiros acordes de músicas consagradas de seus álbuns já distribuídos ou importados, eu pessoalmente tinha todos. Certamente também eram dirigidos pelo conhecido maestro Isaac Karabitchevsky, aos músicos da sinfônica e aos competentes do English Rock Ensemble, o grupo de Rick. Bons tempos a década de 70 não?


Segundo a revista Pop: “Maior tecladista do Rock Progressivo pisou pela primeira vez em solo brasileiro para apresentação histórica Em todos os shows, Rick precisou voltar ao palco para bisar uma ou duas músicas. Mas, é claro, toda essa temporada de festas, trabalho, curtições, muita música e apoteose, teve seu preço. Para garantir todo o luxo, a pompa e a impecável perfeição técnica (tanto de som como de iluminação) dos espetáculos, havia uma equipe de 70 pessoas nos bastidores. O total da aparelhagem pesa 18 toneladas, e só a mesa de som trabalha com 285 canais. O transporte dessa aparelhagem saiu por volta de 800 mil cruzeiros. E a Rede Globo e o Projeto Aquarius, responsáveis pela excursão, investiram no total cerca de 6 milhões de cruzeiros”. (Alex Mediros).

Pois bem do que se trata a obra e quem é Julius Verne. Jules Gabriel Verne nasceu na cidade de Nantes em 8 de fevereiro de 1828 e faleceu em 24 de março de 1905 na cidade de Amiens (França). Ganhou grande destaque no cenário literário internacional através de suas novelas de aventuras que fizeram e ainda fazem muito sucesso. Precursor do gênero ficção científica no século XIX, Viagem ao Centro da Terra (no original Voyage au Centre de la Terre) é um dos clássicos da literatura universal lançado no ano de 1864 e trata-se de uma aventura protagonizada pelo professor Otto Lidenbrock, especialista em mineralogia, mas conhecedor de paleontologia, bastante culto, uma biblioteca ambulante, mas excêntrico e obsessiva compulsivo. Seu temperamento e atitudes despertavam curiosidade e até chacota pelo tipo amalucado e muitos alunos iam assistir suas aulas para darem risadas. Ele tinha um sobrinho Axel, que era seu pupilo, como era órfão, o considerava mais que seu mestre, mas sim um pai. A diferença entre os dois era justamente tudo, enquanto o professor Otto era obstinado e corajoso sempre desejando novas aventuras e pesquisas, seu sobrinho era medroso, submisso, inclusive submisso a sua noiva e considerado no nosso tempo como um “cagão”.

Havia um manuscrito do século XVI que estava martelando a cabeça do professor que não conseguia decifrar um código, justamente pelo fato do mestre ser muito racional e lógico, não aberto a enigmas ou charadas e foi seu sobrinho, aleatoriamente quem deduziu o que seriam aqueles números e era justamente as coordenadas latitude e longitude do ponto de entrada para o centro da terra. Na época de Jules Verne existia uma correte de que defendiam a teoria da Terra oca e foi justamente essa teoria que Verne utilizou para criar suas aventuras e liberar sua criatividade para povoar esse “oco” do Centro da Terra com o que mais ele conhecia e gostava dentro de seus conhecimentos e imaginação, já que se especulava muito o que teria por lá, caso alguém conseguisse chegar lá.


Resumo

Em sua casa situada em Hamburgo, no dia 24 de maio de 1836, o professor e geólogo Otto Lidenbrock encontra um pergaminho imundo, de autoria de um alquimista islandês chamado Arne Saknussemm do século XVI. Escrito numa língua que não compreende chama seu sobrinho Axel para desvendar aquele mistério que consegue identificar uma língua de povos germânicos entre o século III até, mais ou menos, o século XIV e o sábio confessa ter conseguido alcançar o centro da Terra. O percurso, que o alquimista dirá, se inicia na cratera do Sneffels, um vulcão extinto situado na Islândia. Lá estão as coordenadas, o dia e a hora precisa que se abre a passagem e se pode chegar ao centro da Terra e certamente o professor Lidenbrock está determinado a embarcar nessa aventura junto com o sobrinho. Ele tenta fugir dessa obrigação por medo e vai pedir ajuda para sua noite e se lamenta, mas ela o domina e dá a ordem para que vá, sim, que se prepare e vá para a jornada e ele acata sem questionar sua bela futura esposa. Até chegar a Islândia levaram dois dias e contratam um guia local chamado Hans, que levará os dois à aldeia de Stapi com uma série de instrumentos (termômetro, manômetro, bússolas).


É usando lâmpadas portáteis- como os mineiros e os três personagens ingressam numa aventura prá lá de divertida, comovente, cheia de surpresas, criaturas misteriosas e muita, mas muita ciência, pois estamos vivendo o apogeu das descobertas científicas e a revolução tecnológica que vai desencadear a revolução Industrial centro da Terra e sobrevivem a uma série de aventuras.

Os três, fascinados com as descobertas, atravessam florestas de cogumelos, poços, corredores estreitos e chegam a testemunhar monstros pré-históricos. Uma realidade inimaginável, de tirar o fôlego.

Quanto a análise da obra, eu me permiti escolher a professora Rebeca Fuks, por ter formação em Letras (PUC do RJ), mestre em Literatura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2013) e doutora em Estudos de Cultura pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e pela Universidade Católica Portuguesa de Lisboa (2018). Devido a complexidade de análise, referencias e meu envolvimento afetivo com a obra, trago uma cvis]ao mauis técnica para depois discutir sobre os filmes.

Para entendermos Verne é preciso contextualizar sua obra no tempo e movimentos culturais e científicos em que foram escritos. Já falei acima que estávamos vivendo um desenvolvimento desenfreado da tecnologia em todos os campo, seja nas ciênciasx naturais,. Como biológica e principalmente sociológicas. Nessa época temos Freud e Marx delineado suas teorias com base na filosofia de Hegel e Nietzsche (ambos alemães) e consequentemente a expansão imperialista e os tipos de conhecimento ilustrados na obra de Verne nota-se desses movimentos expansionistas, da descoberta, da curiosidade e da aventura que o escritor francês bebeu para criar as suas ficções.


É esse movimento que Carvalho sublinha em seu artigo sobre o clássico de Verne:

“O desejo por aventuras, grandes coleções e exotismos, no imaginário europeu da época, condiz com a necessidade de potências europeias em ampliar seus domínios: a imaginação servia ao discurso de expansão. Assim, viagens maravilhosas como as de Verne encaixam-se no contexto de busca pelo extraordinário”. (CARVALHO, 2017)

Passagens que são literalmente baseadas nas descobertas da física do corredor e da condutibilidade da rocha: “[...] Essas recordações ocorreram-me ao espírito e deduzi claramente que, visto que a voz do meu tio chegara até mim, nenhum obstáculo existia entre nós. Seguindo o caminho do som, devia logicamente chegar ao meu destino, se as forças não me traíssem”.

Júlio Verne utilizava como estratégia mesclar um aspecto científico e comprovado e imaginavam universos paralelos, acrescentando cor e vida para criarem as histórias e antecipou na literatura uma série de descobertas que aconteceriam anos mais tarde e a sua escrita contagiou especialmente jovens e adolescentes ao longo dos anos levando à imersão do leitor ao universo da ficção, com intenção que seus leitores habitassem espaços até então completamente desconhecidos.

O autor francês pega emprestado termos mineralógicos, geológicos e até mesmo paleontológicos para fazer o leitor penetrar no universo da ficção. Veja, por exemplo, a fala elaborada do sobrinho Axel:

– Vamos – disse de repente, agarrando-me num braço – para frente, para frente!

Não – protestei – Não temos armas! Que faríamos nós no meio desses gigantescos quadrúpedes? Venha meu tio, venha! Nenhuma criatura humana pode enfrentar impunemente a cólera desses monstros.

Outro elemento essencial para o mergulho do leitor é a forte presença de imagens quem ilustram a história. Nas edições originais de Verne, uma série de desenhos compõe o livro, dando forma e contorno à imagem narrada.


Filmes

Temos dois filmes baseados nessa obra, mas somente o de 1959 com direção de Henri Levin com atuações de James Mason e Diana Baker tem valor real, pois segue parcialmente a verve da aventura em busca do desconhecido e retrata bem a época em que se passa a história. O início de filme é exatamente como conta Verne, mas depois que chegam a Irlanda as coisas começa a dar margens a adaptações dramáticas no enredo que nada condiz com o espírito da obra original. Termos a presença de uma mulher na expedição, além de um ganso, certamente para dar um dinamismo ao filme, mas que foge completamente a credibilidade da aventura. A mulher está praticamente com roupas específica do fim de século, saltinho e tudo para se aventurar numa caverna... Também temos uma história paralela de outro suposto professor que quer roubar as descobertas feitas, um parente do professor do século VIII que está seguindo o professor Otto, o que nada tem haver com a obra, pois não há nem heróis nem vilões, que foram acrescentados pelo roteirista Charles Brackett, mas o filme é sensacional, pois a versão original de Julio Verne nao perdeu o seu charme. E um filme tão gostoso e belo que o guardo até hoje na minha memória como um dos filmes mais influentes na minha vida, a gente se esquece desses detalhes e mergulha direto na aventura e sempre reprisavam na sessão da tarde e existia um bordão nessa época: Quem nunca assistiu o filme “Viagem ao centro da Terra” não teve adolescência”

Sinopse: Edinburgh, 1880. Oliver Lindenbrook (James Mason), um dedicado professor de geologia que recentemente se tornou sir, consegue o primeiro passo para uma viagem ao centro da Terra quando Alec McEwen (Pat Boone), seu assistente, lhe leva um pedaço de lava. Examinando a lava cuidadosamente, Lindenbrook encontra uma mensagem de Arne Saknussen, um famoso explorador do passado, que orientava como alcançar o centro da Terra. A viagem começa, descendo em um vulcão na Islândia. A dupla é acompanhada por Carla Goeteberg (Arlene Dahl), viúva do professor Goeteberg (Ivan Triesault), um geólogo renomado que pretendia "ganhar a corrida" mas foi envenenado com cianeto, e por Hans Belker (Peter Ronson), um guia islandês. São seguidos de perto pelo maligno Conde Saknussen (Thayer Saknussen), descendente do explorador, que quer usar as descobertas de Lindenbrook para seu proveito pessoal e político. Porém este não é o único perigo para os exploradores, pois no decorrer de sua viagem o grupo encontrará vários animais pré-históricos.


Filme Viagem ao Centro da Terra de 2008

Essa versão é um crime com a obra de Verne, uma produção sem pé nem cabeça e que nem consegue entreter, mas nos fazer rir... se tiver senso de ridículo e é a mais famosa provavelmente por ser de Hollywood e ter mais visibilidade. Foi a dirigida por Eric Brevig, lançada em 28 de agosto de 2008.

O filme não é uma adaptação do livro, apenas tem um roteiro derivado da obra, inspirado nas palavras de Verne, mas trazendo uma visão dispare do que a obra tem de significativo.

O geólogo no cinema é o desaparecimento do seu irmão Max (vivido por Jean Michel Paré), que jamais apareceu no clássico de Júlio Verne. Outra diferença substancial se dá no personagem Hans Bjelke, que nas telonas dá lugar a Hannah (incorporada por Anita Briem), uma bela moça que guiará tio e sobrinho pela Islândia. Axel também é renomeado e ganha o primeiro nome de Sean (interpretado por Josh Hutcherson).

Sinopse: Trevor Anderson (Brendan Fraser) é um cientista cujas teorias não são bem aceitas pela comunidade científica. Decidido a descobrir o que aconteceu com seu irmão Max, que simplesmente desapareceu, ele parte para a Islândia juntamente com seu sobrinho Sean (Josh Hutcherson) e a guia Hannah. Entretanto em meio à expedição eles ficam presos em uma caverna e, na tentativa de deixar o local, alcançam o centro da Terra. Lá eles encontram um exótico e desconhecido mundo perdido. Nota 10.

Crítica


O filme é uma lástima, ganharia fácil o Franqueza de ouro se não fosse feito mais para o publico infantil, mesmo assim se mostrou pouco interessante. O enredo pretende ter graça, mas passa longe disso e as crianças não são nada burras e como todo o filme infantil, os clichês se acumulam. A adaptação é burra, retira toda essência da obra original e por isso nem falamos que seria uma adaptação, nem inspiração e muito mais humorística do que séria, mas ruim. Efeitos desastrosos, uma trama ruim, sem nada de sustos com ações previsíveis e um final nada surpreendente. Bons atores que não transmitem a emoção ou empatia ao ponto dos personagens chegarem a ser extremamente chatos, a atuação forçada. Nota Zero.

Fontes.

Adorcinema.com

 
 
 

1 Comment


fabiovianaradialista
Feb 22, 2020

Excelente texto e com grandes referências artísticas aqui citadas como o pianista clássico britânico Rick Wakeman, o cantor, compositor e pianista britânico Sir Elton John, o cantor, compositor e pianista brasileiro Guilherme Arantes e do aclamado escritor francês Júlio Verne. Este livro eu li em 1988 e foi a mais emocionante aventura da clássica literatura universal. No blog Alagumas Observações a crítica da leitora Fernanda Rodrigues descreveu: Com um final surpreendente, Viagem ao centro da Terra é um daqueles livros que lemos em uma sentada e que nos deixa com um gosto de “quero mais”. Sensacional.

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