Resumo da Obra "O Cortiço"
- Fernando Carlos
- 25 de dez. de 2018
- 7 min de leitura
Atualizado: 26 de dez. de 2018
“João Romão foi, dos treze aos vinte e cinco anos, empregado de um vendeiro que enriqueceu entre as quatro paredes de uma suja e obscura taverna nos refolhos do bairro do Botafogo; e tanto economizou do pouco que ganhara nessa dúzia de anos, que, ao retirar-se o patrão para a terra, lhe deixou, em pagamento de ordenados vencidos, nem só a venda com o que estava dentro, como ainda um conto e quinhentos em dinheiro. E naquela terra encharcada e fumegante, naquela terra úmida e quente e lodosa, começou a minhocar, a esfervilhar, a crescer um mundo, uma coisa viva, uma geração que parecia brotar espontânea, ali mesmo, daquele lameiro e a multiplicar-se como larva no esterco. Essas casas João Romão deu o nome de Cortiço” (Capítulo I).
sJoão Romão adorava dar calote, mas sabia cobrar dívidas, enriqueceu muito. A verdade é que seu vizinho Miranda tem inveja da liberdade de seu vizinho, pois era muito humilde e conseguiu adquirir uma venda e construir 95 casinhas para alugar e deu o nome de cortiço, por ser legalizado e ainda pegou a escrava de um peixeiro cego que trabalhava na frente de sua venda, por ele ter morrido e os herdeiros nem foram buscar a escrava Bertoleza. Com uma falsa promessa de comprar a carta de alforria dela, ele pegou todo o dinheiro que ela possuía e a obrigava ela a vender peixes e completar o dinheiro e com isso ele adquiriu uma pedreira e falsificou uma carta de alforria, o que deixou ela muito feliz e agradecida, embora esse papel não valesse nada. Os moradores de seu cortiço eram lavadeiras e trabalhadores da pedreira e, portanto tudo ele pagava de salário na pedreira acabava voltando pelo que ele vendia como mercadoria. Ele representa o português que conseguiu vencer na vida, um capitalista selvagem que só via lucrar e não viver, abusava de Bertoleza, até humilhava embora ele mesmo nunca teve conforto, pois dormia lá mesmo no balcão. Utilizava de safadeza e espertesas para consegue as mercadorias de sua venda e tinha como aliado a polícia local.
Miranda era o oposto de João Romão. Morava no sobrado ao lado da venda, e aos poucos foi assistindo a seu imóvel ser cercado pelo cortiço. O negociante prezava o status acima de tudo e casou-se com Dona Estela pelo dote. Ele vivia confortavelmente em seu sobrado, que na verdade pertencia a família de sua esposa Estela, isto é, deu o golpe do baú. Ela própria era adultera e ele sabia muito bem. Ainda vivia na sua propriedade um velho agregado, o velo Botelho. Por isso, tinha certa inveja do modo como Romão enriqueceu e de sua relação com Bertoleza. Nessa época chega o jovem de 15 anos Henrique, filho de amigo de |Miranda que o recebe para terminar seus estudos no Rio de Janeiro, mas bancado pela família dele.

Sua filha Zumira era uma jovem de 12 anos desengonçada e ele nunca teve apego, pois desconfiava que não era dele. Sempre almejava um título de Barão. O velho Botelho flagra a esposa de Miranda Estela no amasso com o adolescente Henrique, que constrangidos, disfarçam, mas o velho promete não contar nada ao Miranda. Esse velho vive de favor e é homossexual, gosta de assistir paradas militares para ver os homens fortes e é a oportunidade de elogiar o garoto, dizendo que ele é esperto em pegar uma mulher mais velha, pois se pegasse a Zumira, ele teria que ser responsabilizado.
Agora começamos a analisar os moradores do cortiço, já fazendo a análise do ponto de vista cientificista, a idéia principal do naturalismo. Já citamos a homossexualidade. Agora, falaremos do racismo. Naquela época se considerava que os europeus eram superiores que os brasileiros e portanto João Romão recebe por indicação um patrício Jerônimo com sua esposa e filha para gerenciar e trabalhar na pedreira. Sua força e caráter o tornaram respeitado na pedreira onde trabalhava, logo atrás do cortiço. Mas sua vida virou do avesso após ver Rita dançar, bonita e boa de samba, ela era amante do capoeirista Firmo.

Ele vai se abrasileirar e se degradar, apaixonado, passou a beber pinga, começou a gastar mais do que devia e, no fim, abandonou a esposa Piedade e a filha Senhorinha para ficar com a Rita Baiana, que é justamente a teoria de que o meio determina o homem. Ao conhecer a mulata mais sensual do cortiço, com seu requebrado e liberalidade, se encanta e começa a dar em cima, ela lhe oferece carinho, atenção, apresenta as coisas brasileiras como pinga e carne seca e ele se encanta, trocando seu vinho e bacalhau pelos vícios do Brasil e se torna um degradado.

Numa noite de dança, Rita Baiana rebolava como um animal no cio, referência ao zoomorfismo "E cada verso que vinha da sua boca de mulata era um arrulhar choroso de pomba no cio. E o Firmo, namorado de Rita, bêbedo de volúpia, enroscava-se todo ao violão; e o violão e ele gemiam com o mesmo gosto, grunhindo, ganindo, miando, com todas as vozes de bichos sensuais, num desespero de luxúria que penetrava até ao tutano com línguas finíssimas de cobra".

Jerônimo perde a sua lucidez e ataca Rita Baiana causando ciúmes de seu amante que o chama para uma briga de capoeira e Jerônimo é ferido com uma navalha no abdômen.
Na mesma noite o garoto Henrique, que assistia tudo da janela do sobrado, mostra um coelho para a lavadeira Leocádia, que é casada e deseja um filho, mas não consegue com o marido, ela o chama para sexo em troca do coelho e vão atrás do cortiço e começam a transar até que seu parceiro Bruno desconfia e pega Leocádia se vestindo e arma-se a maior confusão, levando Bruno expulsar Leocádia de sua casinha. A polícia tenta entrar, mas João Romão interfere. Desta forma dois casais se separam, Leocádia e Bruno e Jerônimo e Piedade, embora ele está ferido aos cuidados de sua esposa e filha.

Chega ao Cortiço Leoni, uma prostituta de luxo que se deu bem e mora numa casa confortável e é admirada por todos no cortiço e foi lá para convidar a viúva Dona Isabel, da casa 15, que sacrificou tudo para educar Pombinha e casá-la com João da Costa, um moço do comércio com esperança de reconquistar sua antiga posição social, mas ela esperava a filha menstruar primeiro, antes de subir ao altar. Pombinha e sua mãe Dona Isabel foram almoçar em sua rica mansão.

Pombinha tem 18 anos e ainda não menstruou. Pombinha, é um mimo de menina, sabe ler e é a única que escreve cartas a pedidos no Cortiço. Enquanto isso acontece um barraco no Cortiço uma discussão pois o empregado de João Romão engravidou uma das mais belas moradoras chamada Florinda, de apenas 15 anos e sua mãe Marciana exige o casamento, João Romão deixa que seu empregado fuja, mas não paga o que deve ao empregado. Marciana fica louca e foi expulsa do cortiço.

No dia seguinte, aproveitando de que a mão de pombinha bebeu acima da conta, Leoni, que é apaixonada por pombinha, abusa sexualmente da menina e depois que tudo acaba, chora e diz que nunca vai voltar ali. Aqui a homossexualidade é levada as últimas conseqüências como crítica. As três almoçam juntas e ao chegar no cortiço, Bruno pede para Pombinha escrever uma carta para que Leocádia volte, ele a perdoa e teremos a menstruação de Pombinha. Sua mãe corre todo Cortiço espalhando a novidade e até expondo as vestes manchadas de rosa de pombinha e teremos uma cena de escatologia, outra característica do naturalismo, sua mão, ao olhar para a menstruação na roupa da filha, exposta para todo cortiço diz que até da vontade de beijar a mancha.

Surge ao lado do Cortiço Carapicus de João Romão outro cortiço chamado de Cabeça de gado e passa ser seu concorrente. “Agora, na mesma rua, germinava outro cortiço ali perto, o “Cabeça-de-Gato”. Figurava como seu dono um português que também tinha venda, mas o legitimo proprietário era um abastado conselheiro, homem de gravata lavada, a quem não convinha, por decoro social, aparecer em semelhante gênero de especulações.” (Capítulo XIII”). Na mesma época João Romão fica sabendo que Miranda se tornou barão e o Velho Botelho percebendo que João Romão fica invejado fale que ele poderia pedir a mão em casamento da filha de Miranda, o que ele o faz e por saber que João Romão tem uma invejável condição financeira, aceita o pacto. O problema é que ele está comprometido com Bertoleza,
Quando Jerônimo se recupera completamente da navalhada de Firmo, ele prepara uma emboscada para liquidar seu inimigo, que está morando no cortiço rival e consegue montá-lo, se esconde na casa de Rita baiana e consegue ter a primeira noite de amor e abandona sua esposa Piedade e filha para morar na casa de Rita.

A portuguesa Piedade, esposa de Jerônimo se arrependeu de ter saído de sua terra natal, vai atrás do marido, encontra Rita e ambas brigam aos olhares dos moradores do cortiço que nada fez, na mesma hora o povo do cortiço cabeça de gado quer vingança da morte de Firmo e começa uma imensa guerra. Paula era uma cabocla velha conhecida como Bruxa. Em parte, porque era feia, grossa, com olhos desvairados e dentes ameaçadores, mas também porque era capaz de curar problemas de pele e febres com rezas e bençãos. A bruxa, que já havia colocado fogo na sua casa anteriormente, agora coloca fogo em todo cortiço e morre queimada dessa vez. João Romão nada fez, porque ele já havia feito seguro e iria lucrar mais ainda com o incêndio e pior ainda, aproveita a confusão e rouba a casa de Libório, um mendigo que pedia esmolas e tinha dinheiro guardado em sua casa.

Com o pagamento do seguro, João Romão constrói um novo o cortiço, agora duplicando o numero de casas, que já eram 200 passando para 400. A situação de Piedade e sua filha vai de mal a pior e para piorar, Pombinha que já estava casada, larga o marido para virar prostituta de luxo e passa a desejar a filha de Piedade chamada Senhorinha, parecido com o que ocorreu com ela e Leoni.

Para se livrar de Bertoleza, o velho Botelho aconselha João Romão a denunciar a polícia Bertoleza como escrava fugida e quando a polícia encontra os herdeiros da escrava, vão a casa de João Romão e ao ver seus antigos donos, ela, que estava limpando peixe com uma faca, enfia em seu abdômen rasgando de fora a fora, causando horror ao João Romão que assiste tudo num canto. Logo depois chegam na casa de João Romão abolicionistas levando para ele um diploma de benemérito a favor do fim da escravidão e ele se casa com a filha de Miranda.
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