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Drácula.

  • Foto do escritor: Fernando Carlos
    Fernando Carlos
  • 6 de nov. de 2019
  • 7 min de leitura

Bram Stoker

A obra Drácula é um livro de mais de 600 páginas considerado um clássico e ao mesmo tempo revolucionário para o tempo em que foi escrito, já que fora publicado na era Vitoriana (1837-1901) na Inglaterra em 1887 em que se vivia o puritanismo, onde a sexualidade deveria estar reprimida e autores como as Irmãs Brontê e Jane Austen (1775-1817) dominavam a escrita literária com amores platônicos, mulheres subservientes ao homem e preparada para casar, esperando ser escolhida por um cavalheiro que desse o amor e a paixão, mas que permeava apenas no campo da sedução e intelectualidade, tempo em que as mulheres eram consideradas inferiores aos homens e tudo que remetia a excitação sexual era considerado perversão, mas não essa obra, que coloca o personagem morto-vivo Vampiro seduzindo as mulheres, abduzindo num êxtase que, para a época, era algo inédito. Esse personagem foi criado por John Willhn Polidori em 1819 na obra O Vampiro, que consolidou a imagem de um vampiro aristocrata, elegante, sedutor e contribuiu para engrossar um estilo de literatura chamado de “Gótico” que teve seu marco maior com a publicação da obra de Mary Shelley (1797-1851) outra clássico “Frankenstein.”


Temos que situar a obra e já fazendo as críticas necessárias, pois fica nítido que a Inglaterra é mostrada como o máximo de evolução e todos desejavam viver e morar lá, pois era o grande pólo industrial e na obra menospreza outros países, inclusive ao se descrever a Romênia na obra, lugar em que o autor nunca esteve ou conhecia, foi feito de maneira depreciativa e primitiva, algo que teve repercussão negativa por parte do país citado. De qualquer forma, a Inglaterra estava no seu apogeu, chamado de Era Vitoriana, devido a monarca reinante Rainha Vitória, a Inglaterra nos finais do século XIX era sem dúvida o Pais mais desenvolvido tecnologicamente e economicamente, tendo um grande revolucionário nas ciências naturais, Charles Darwin e recebeu os mais ilustres estrangeiros da civilização ocidental, o austríaco Sigmund Freud e o Alemão Karl Marx. Era o exemplo de liberalismo econômico e o ápice do capitalismo.


Uma curiosidade que tem haver com esse movimento gótico é a invenção da máquina fotográfica. A primeira câmera fotográfica foi apresentada em 1839 na Academia Francesa de Ciência, pelo francês Lois Jacques Mandé Daguerre, sua invenção era chamada de “daguerreotipo”. O problema é que para a imagem captada por uma caixa que continha uma chapa de cobre prateada e polida, em que fixaria a imagem com uma substância de iodo era necessário que a pessoa ficasse muitos minutos imóveis, sendo que não conseguiam tal façanha e os fotógrafos tiveram uma sacada, fotografar pessoas mortas. Dessa forma isso virou uma febre, fotos de cadáveres. As fotos “Post Mortem” são consideradas macabras e bizarras, mas na época vitoriana era algo importante poder guardar uma lembrança de um ente querido. ]


A taxa de longevidade, a estimativa de vida nessa época era de 44 anos e a mortalidade infantil era de 57%, isto é, a cada 100 crianças que nasciam mais da metade morriam antes de completar os 5 anos de idade. O marido da Rainha Victoria faleceu ainda jovem e ela entrou em luto e desejava que a Inglaterra inteira seguisse seu luto até o fim da vida, a cor preta nos vestidos passou a ser moda. Jack, o estripador também foi dessa época, em 1888 em Londres foi encontrado 11 mulheres mortas e com grande probabilidade de que 5 delas serem mortas pelo mesmo homem que, até os dias de hoje não se sabe quem é.

Outra novidade era o sangue. Vivíamos no período dos avanços da ciência biológica, o descobrimento das vacinas e o sangue era o sinônimo de vida e de morte, já que, com a liberação da livre navegação pela Inglaterra, as doenças sexualmente transmissíveis e outras epidemias estavam relacionadas com o sangue. Não se sabia ao certo como se transmitia a sífilis, portanto sangue é vida. Um vampiro precisa de sangue para continuar vivo.


Todo esse caldo cultural, a superpopulação na cidade, o fascínio pela morte e a sexualidade reprimida vamos a obra em si. Ela começa com a viagem de Jonathan, advogado e funcionário de uma imobiliária em Londres, para Romênia, numa região chamada Transilvânia, no sentido de realizar a venda do castelo do Conde Drácula, que pretende comprar uma casa nos arredores de Londres. Ele é noivo da bela e angelical Guilhermina ou simplesmente Mina. Essa personagem vai ter um destaque fundamental na obra, primeiro porque o enredo não é escrito pela narrativa de ninguém, temos cartas, diários, notícias de jornais e correspondências de diversos tipos que contam toda a história. Quem faz a compilação desse material de forma que se forme uma narrativa realista e documental de forma cronológica e inteligível é a Mina. Segundo que ela se mostra tão inteligente e perspicaz como qualquer homem, inclusive numa fala de seu noivo ele fala que ela pensa como homem, já mostrando a irreverência e entrelinhas do que o autor quer nos passar.


Toda a trajetória é obscura, misteriosa e nessa trajetória ele para em vários estabelecimentos, nos quais as pessoas tentam dissuadi-lo de ir até a esse castelo, temos muitos pontos de vista diferentes e a maioria dos relatos é em direção de que o Conde Drácula não é flor que se cheire, não sabemos ainda que ele seja um vampiro e eles estão tentando acabar esse vampiro, que durante à noite invade o quarto das mocinhas para sugar seu sangue. Chegando a seu destino, Jonathan é recebido pelo próprio

Drácula, ele o vê como um homem idoso, mas não consegue definir sua idade, mas percebe que ele não tem criados, a casa está vazia. Esse anfitrião o convida para ficar hospedado por alguns dias, até acertar a documentação da compra e venda das casas em questão, mas acontecem coisas estranhas na casa durante a noite, que nos dá arrepios, inclusive uma das noites Jonathan consegue ver Drácula andando de ponta cabeças pelas paredes do quarto, mas não quer acreditar e mesmo quando tenta escrever cartas para sua noiva, ele é impossibilitado, enfim, aos poucos percebe que tornou-se um prisioneiro e que o respeitável Conde Drácula não é o que parece ser. Muitos momentos de tensão deixam a obra divertida e instigante.

O clima sombrio, a paisagem obscura, repleta de neblina, névoas e tempestades remete a cidade de Londres que está obscura devido a fumaça das indústrias e dos carros, não se sabia nada de poluição nessa época, chamado de ”fog” essa neblina, poderia ser nostálgico ou arrepiante, aqui nos leva para o terror. A viagem finalmente se inicia rumo a Londres e a coisa mais bizarra é que no navio o conde fez questão de levar sete caixões de defunto cheio da terra natal, a terra de Transilvânia. Quando eles aportam o Conde Drácula sai de cena, some, desaparece e temos o enredo de Jonathan com sua noite amiga íntima dela, a virginal Lucy que está noiva e muito feliz, mas é quando ela aparece morta com dói furos no pescoço, deixando seu noivo desolado e sua amiga desesperada. Com o sangue novo o Conde Dráculo fica muito mais jovem, muito difícil de ser reconhecido por Jonathan. Nessa hora eles chamam um dos maiores médicos de Londres, o Dr. Van Helsing, um intelectual que veio da Holanda.


Ao se deparar com as lesões no pescoço ele não tem dúvida nenhuma, ele diz que é obra de Nosferatu, uma criatura noturna de outra dimensão, uma criatura de desumana com poderes supra-humanos e ligados ao mal e deve ser “caçado”, inclusive ele pede que permita cortar a cabeça da morta, o que todos acham abominável, mas depois de relatos que confirmam a periculosidade da defunta, isso é aceito. Obviamente não vou me estender além daqui, pois todos conhecem a lenda e a história, mas aos poucos, vamos desvendando o mistério do vampiro e conhecendo suas principais características, tão comuns nos filmes, peças teatrais e no imaginário popular. Estaca de madeira no peito, alho, hóstia sagrada, cruz, luz do sol… Inúmeras formas de acabar com o monstro. Não é um livro fácil de se ler, a linguagem utilizada pelo autor é rebuscada e cansativa.


O que eu posso concluir é que o Drácula instiga sedução, calor erótico, tudo que estava faltando para a literatura naquele momento. Sucumbir ao desejo está ligado a algo satânico num País tão cristão. O sangue é vida, mas também se entregar a luxuria do Drácula, ser sugado tido o sangue, sobra a morte. Interessante notar que, por mais realista as descrições, o autor não faz idéia de como é a Romênia, muito menos a Transilvânia e, portanto, esbarra no erro e na polêmica em desmerecer tal País do Leste europeu. A Inglaterra era um império, eles tinham o continente africano e terras na Ásia nessa época, ficando claro que o autor não descarta a superioridade Britânica em detrimento ao resto do mundo. Diversos trechos do livro apontam para certos preconceitos de Stoker. Ele descreve o povo eslovaco, os ciganos e até norte-americanos de forma pejorativa e contraste com a amabilidade exagerada das mulheres Mina e Lucy, que são endeusadas a um ponto que chega a irritar. Interessante notar que temos outro estrangeiro, o holandês que é o médico e eles não conseguem entender tudo que ele fala, pois é meio alemão, meio inglês, desqualificando sua comunicação, mas ao mesmo tempo dando o papel decisivo do mistério. Uma obra que pode ser analisada por vários ângulos.

Filme. Obviamente existe dezenas de filmes baseado no livro e eu teria que escolher o mais verossímil da história, mas temos o grande Nosferatu, um Cult que é um dos meus favoritos também.


Drácula de Bram Stoker. (1992) Direção Francis Ford Copolla. Sinopse: No século XV, um líder e guerreiro dos Cárpatos renega a Igreja quando esta se recusa a enterrar em solo sagrado a mulher que amava, pois ela se matou acreditando que ele estava morto. Assim, Vlad (Gary Oldman) perambula através dos séculos como um morto-vivo e, ao contratar um advogado Jonathan (Keanu Reeves), descobre que a noiva deste, Mina (Winona Ryder) é a reencarnação da sua amada. Deste modo, o deixa preso com suas "noivas" e vai para a Londres da Inglaterra vitoriana, no intuito de encontrar a mulher que sempre amou através dos séculos. O professor Abraham Van Helsing é interpretado por Antony Hopkins e Lucy pela Sadie Frost

Ganhador de três Oscars, melhor figurino, maquiagem e efeitos sonoros. Roteiro de James V. Hart.

Crítica


Não há dúvida que essa é uma das melhores adaptações da obra de Bram Stoker. James V. Hart está de parabéns, pois foi muito fiel ao texto original. Gary Oldman deu um verdadeiro show de interpretação e está espetacular como Dracula e Anthony Hopkins as vezes assusta mais que o próprio Drácula como seu antítese, o Dr. Van Helsing. Winona Ryder fez dois papeis de forma exemplar, Mina Murray e Elisabeta (a amada de Drácula) e Keanu Reeves (Jonathan Harker) fez um ótimo trabalho. A sensualidade, que não existe na obra original, ficou a cargo de Sadie Frost (Lucy Westenra), memorável atuação, enfim, só temos grandes estrelas com uma das trilhas mais marcantes e sombrias do cinema. O grande Francis Ford Coppola sempre nos brindando com sua precisão na direção e com um filme usando de todo romantismo e paixão, sem apelar para o horror.

Um grande filme que consegue passar um clima extremamente sombrio, gótico e aterrorizador, com uma direção extremamente competente, trazendo todo arquétipo vampiresco clássico, sexo, sedução, sangue, sombras e monstros expostos de uma maneira bela e única com a temática de vampiros.

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1 Comment


fabiovianaradialista
Nov 14, 2019

O romance de ficção gótica Drácula escrito pelo autor irlandês Bram Stoker é um dos livros mais aclamados pela cultura gótica e o personagem Drácula tornou-se o vampiro mais icônico até os dias de hoje e já teve inúmeras adaptações para as mais diversas mídias, passando pelo cinema, teatro, HQ, games e animação. O filme de 1992 dirigido pelo lendário cineasta norte-americano Francis Ford Coppola é considerado um dos melhores filmes da década de 90 e conta com um excelente elenco de primeira e temos alguns nomes muito conhecidos como Gary Oldman, Winona Ryder, Keanu Reeves, Anthony Hopkins, Sadie Frost, Richard E. Grant, Cary Elwes e Monica Bellucci.

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