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Entrevista com o Vampiro

  • Foto do escritor: Fernando Carlos
    Fernando Carlos
  • 15 de nov. de 2019
  • 7 min de leitura

Anne Rice

Muito se falou dessa obra devido a repercussão do filem, que sem sombra de dúvida, depois de " Drácula de Bram Stocker" de Coppola é o melhor filme de todos os tempo sobre vampiros, mas não posso dizer o mesmo do livro, que é muito arrastado, com diálogos lentos e muitas vezes entra num devaneio perturbador e até confuso para o leitor, dizem, que feito propositalmente pela escritora, já que o personagem também mostrava estar em conflito, mas não seria apropriado que o leitor também ficasse, não é? Em muitos monólogos na entrevista deu sono, embora não nego o fato de que história em si é muito boa, mas o filme supera de longe o livro e, portanto, vou focar no filme e não na obra, pois o filme possui uma narrativa mais dinâmica. Anne Rice é também é a responsável pelo roteiro do filme.


O livro foi escrito em 1976, mas o filme só saiu em 1993 porque na época em que Rice vendeu os direitos autorais para o filme, já havia muitos filmes com essa temática, por isso preferiram postergar, o que foi um golpe de sorte, pois após o sucesso estrondoso do filme foram feitas quase 50 novas tiragens. Quem escreveu o roteiro foi Neil Jordan com supervisão de Anne Rice. Ela não só aprovou a adaptação do seu livro, como declarou no New York Times e no Vanity Fair que o filme se trata de uma obra-prima.


Existe um fato importante de se falar na época da adaptação. A década de oitenta tivemos um flagelo com o surgimento de uma doença que afetava principalmente os homossexuais masculinos, mas ninguém sabia ao certo como se transmitia, se era pelo sangue, os mais radicais falavam que era o sexo anal e os religiosos homo-fóbico aproveitaram para apelidar isso de peste gay, portanto os homossexuais durante toda a década ficaram na mira da crítica.

Contextualizando a peste gay, temos os primeiros casos dessa doença letal sem causa definida identificada oficialmente em 1977. Cinco anos após os primeiros casos, cientistas definem o que é a AIDS. No mesmo ano (1982), a primeira ocorrência no Brasil é identificada, em São Paulo e aqui também os jornais da época chamavam a doença de peste gay. Os sombrios anos da "Peste Gay" falava erroneamente sobre o sistemático extermínio de homossexuais e travestis no Brasil dando início às matérias sensacionalistas nos veículos de comunicação.


Anne Rice ficou com medo que seu livro não fosse adaptado pelo fato de Lestat e Louis serem vistos como gays, o que seria um tema polêmico nessa época. Foi cogitado reescrever Louis como uma mulher, mas isso não aconteceu e, pelo contrário foi o primeiro filme LGBT a alcançar uma bilheteria superior a US$ 100 milhões.

Entrevista com o Vampiro é o primeiro livro da série “A Crônicas Vampirescas”, e se inicia com Louis, que depois de viver longos anos como vampiro resolve contar sua história a um repórter. Ele começa a ser entrevistado e fala que ficou deprimido após a morte do seu filho e tenta o suicídio, mas também porque ele se sente culpado pela morte do próprio irmão. Dessa forma vai relatar desde sua transformação até o momento atual. A entrevista ocorre na década de 70, isto é, no mesmo ano em que a autora estava escrevendo. O foco da narração e melancolia se dá porque ele está arrependido de tudo que fez e agora vive uma vida de solidão e tristeza. Viúvo aos 24 anos, cujo único filho e mãe morreram no momento do parto e que agora, portanto, anseia pela morte, o suicídio. O tom de melancolia e sombrio é uma constante na obra, que é linear, sem altos e baixos. Ele acredita que é um ser maligno que tira vidas humanas, sendo que antes ele havia se convertido ao catolicismo e era um praticante e crente na sua fé.


Ao longo de seu relato Louis nos apresenta três personagens importantes, Lestat que no século XVIII o viu atirando em si próprio, mas antes de morrer de fato, ele morde o pescoço e injeta o sangue que o tornará um vampiro e, portanto, ele é seu criador, Claudia o grande amor de sua vida e Armand, embora ela amava de fato Louis. Eles encontraram essa criança de 5 anos no livro, 12 no filme, extremamente inconformada e triste com a morte de seus pais, portanto decidiram transformá-la em vampiro e criá-la, mas no decorrer ela amadurece mentalmente e se torna mulher no corpo de uma criança. Esses três vampiros têm características bem diferentes, mas ao mesmo tempo são bem parecidos.


A polaridade está entre Lestat, que é um vampiro cruel e sarcástico, cheio de mistérios Louis, que é romântico, delicado e ligado a cultura e conflitos terríveis, por ter um passado cristão e não estar se adaptando a vida de um monstro, no seu entender, um ser diabólico. Claudia é muito cruel e fatal.

O protagonista sem dúvida é Louis, o que torna a obra muito pesada, existencial, pessimista e trazendo os questionamentos religiosos sobre o bem e o mal, sobre imortalidade e solidão. Esse é o grande dilema: Vale a pena ser imortal? Ele tenta o suicídio no início, pois não suporta sua angustia, sendo que Lestat lhe dá a vida eterna sem sua autorização e agora ele, depois de mais de 200 anos, que terminar com sua existência e por isso a leitura demora a fluir, mas temos inúmeros assuntos fundamentais para refletir e, portanto temos que ir com calma na leitura e somente assim ver como a história é incrível e importante, pois a vida eterna seria para os cristãos a maior dádiva que pode existir, este acredita que na verdade foi condenado ao inferno. Ele passa sua vida imortal à procura de um significado para a sua condição.


No início, quando se tornou vampiro, devido sua religiosidade e caráter ficavam relutante em tirar a vida de seres humanos e, por isso se alimentava apenas de animais, como ratos. Depois não resiste e morde uma garotinha, no caso a Claudia. Lestat é quem a transforma em vampira e a "dá de presente" a Louis formando uma ”família” e ela torna-se a razão de ser do outro.

Claudia não pode ser feliz devido sua condição de ter sempre o corpo de criança, ela amadurece e torna-se adulta, mas fica no corpo de uma menina. Lestat, enciumado da relação dela com Louis acaba por afastar-se de ambos e tratá-los cada vez pior. Claudia considera que ele é um peso a ser eliminado e o mata e ela e Louis partem para uma viagem para a Europa. O fato que vampiro não morre e para surpresa e pânico de ambos, eles descobrem que Lestat está vivo.


Em Paris, Louis conhece Armand, o líder de um grupo de vampiros. Por ser bem velho, Louis busca respostas em vão. Armand assassina Claudia para poder ficar com Louis. Ele lança mão de um estratagema sinistro para afastá-lo da "pequena" Claudia, a qual acaba sendo consumida, queimada pelo sol numa cilada levando Louis a uma fria vingança que não poupa ninguém, a não ser o próprio Armand. Por fim, Louis volta sozinho aos Estados Unidos, onde continua sua vida.


A complexidade da obra se dá por levantar reflexões profundas em várias questões existenciais do homem, como já falamos, a imortalidade como dádiva ou pesadelo, a sexualidade humana, gênero, inadequação do corpo e mente, passamos para assuntos como o modo de produção no século XVIII em Nova Orleas (1791), onde temos uma grande fazenda com monocultura com, mão de obra escrava e aristocracia creola (franco-americanos). Louisiana era colônia francesa situada nos Estados Unidos da América até 1805.


Louis clama pela morte e recebe a imortalidade e fica evidente e declarado que ambos se apaixonam, partindo de Lestat, que deseja partilhar com Louis a eternidade, especialmente depois que ambos, de comum acordo, "adotam" a menina Claudia, tornando-a uma vampira. É Lestat quem se refere a ela como "a nossa filha". O vínculo entre ambos é o afeto, para além do sexo. Através das viagens de Louis e Claudia temos outra crítica não explícita, a passagem por interiores suntuosos e elegantes da Paris de 1870 e o povo na miséria do início da revolução industrial. A questão da epidemia da AIDS na década anterior é apresentada na forma da peste que se abate sobre Nova Orleans e acaba por vitimar a mãe de Claudia, bem como aquelas utilizadas para se referir às questões raciais e sociais, já que ninguém se importa com as mortes causadas pelos vampiros, já que elas aconteciam apenas entre os escravos e os pobres. Não é um livro de terror, mas existencial. O amor aqui é ambivalente, com doses de ódio profundo, vingança e ciúmes e que atravessa os séculos até os dias contemporâneos.

Filme.


Entrevista com o vampiro (1994). Direção Neil Jordan. Sinopse: São Francisco, anos 1990. Um jornalista entrevista um jovem que afirma ser vampiro, narrando suas experiências dos últimos 200 anos. Em flash-back, conhecemos Louis de Pointe du Lac (Brad Pitt), um homem que perdeu a mulher, morta durante o parto, e a vontade de viver. Com a ajuda de uma criatura da noite, Lestat de Lioncourt (Tom Cruise), ele se torna um vampiro e precisa aprender uma nova forma de vida.

O maior destaque é o primeiro filme de destaque de Kirsten Dunst, que mostra seu talento desde nova e rouba algumas das cenas interpretando Claudia. Foi indicada a Melhor Atriz Coadjuvante no Globo de Ouro de 1995, embora ela tinha 12 anos, no livro tinha apenas cinco anos. A atriz tinha 12 anos de idade e gravou uma cena beijando Brad Pitt e revelou ter se sentido desconfortável com a experiência. Anos depois, Kirsten Dunst fez uma participação no vídeoclipe da música 'I Knew I Loved You', da banda Savage Garden, que pegou seu nome de um dos romances de Rice.

Um grande clássico que já nasceu Cult.


"Entrevista com o Vampiro" até hoje é uma verdadeira obra-prima. O roteiro é sensacional, inteligente e de uma genialidade incrível. O longa de Neil Jordan possui qualidades enaltecidas pela suas grandiosidades. A trilha sonora de Elliot Goldenthal foi indicada ao Oscar de 1995, com uma música tema inesquecível. A fotografia perfeita para mostrar a atmosfera melancólica. O figurino e maquiagem são uma obra de arte a parte extremamente perfeito, assim como a maquiagem e cenários incríveis.


Todos os atores sou fã incontestáveis, já destaquei a sensual Kisten Dust, mas Brad Pitt e Tom Cruise não fica atrás com atuações impressionantes e inesquecíveis. A química alcançada pela dupla é perfeita. Christian Slater como o repórter Daniel Malloy muito competente e com destaque na cena final. Antonio Banderas e Stephen Rea completam o elenco de estelar com suas ótimas atuações. Nota 10.

Prêmios. Primeiro filme a conseguir a permissão para fechar duas pitas na Golden Gate Bridge.


OSCAR 1995 teve somente indicações (Melhor Direção de Arte e Melhor Canção Original)

BAFTA 1995. Ganhou Melhor Fotografia e Melhor Desenho de Produção, com indicações de Melhor Figurino e Melhor Maquiagem

GLOBO DE OURO 1995 somente indicações de Melhor Trilha Sonora Original e Melhor Atriz Coadjuvante Kirsten Dunst.

MTV MOVIE AWARDS 1995. Ganhou Melhor Performance de Estreia Kirsten Dunst. Melhor Ator Brad Pitt. Homem Mais Desejável Brad Pitt. Indicações em Melhor Filme, Melhor Dupla, melhor vilão Tom Cruise. Homem Mais Desejável Tom Cruise, Homem Mais Desejável Christian Slater

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1 Comment


fabiovianaradialista
Nov 15, 2019

Entrevista com vampiro é considerado um clássico e cult dos anos 90 e também é um dos melhores filmes já realizados sobre a temática de vampiro. Simplesmente maravilhoso e tecnicamente perfeito, o seu texto destaca tudo muito bem desde o bom elenco de atores com atuações brilhantes e os aspectos técnicos que estão sensacionais. Uma curiosidade sobre a AIDS no ano de 1989 aqui na baixada santista a cidade de Santos foi denominada como a capital mundial da AIDS devido a epidemia que foi alastrada em meados do ano de 1985 pela prostituição no cais do porto de Santos o maior da América Latina.

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