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Fahrenheit 451

  • Foto do escritor: Fernando Carlos
    Fernando Carlos
  • 25 de jul. de 2019
  • 10 min de leitura

Ray Bradbury

Formando uma trilogia clássica de livros de ficção científica sobre mundos distópicos e pessimistas esse é uma dos mais recentes dos anteriores Admirável Mundo novo (1931) de Aldous Huxley, 1984 (1949) de George Orwell e fechando com Fahrenheit 451 (1953) do americano da Califórnia Ray Bradbury (1920-2012). O conto original foi reformulado na novela The Fireman e publicada em 1951 da revista Galaxy Science Fiction. Escrito no período daguerra fria entre EUA e URSS o livro é uma crítica ao que Bradbury faz as novas tecnoligias emergentes de sua épioca, no caso a televisão, que já estava se popularizando tanto que as pessoas deixaram de ler livros e ficavam colados na telinha, enfim, ficou uma febre e para o autor, formou-se uma geração zumbi, hipnotizada pelas imagens que interagiam com o telespectador deixanto-os alienados. Claro que hoje podemos ver que sua visão foi correta com os avanços da tecnologia chegando aos celulares de alta complexidade (IPhone e Smarth Phone) e as redes sociais podemos ver a crescente e disfuncional sociedade atual.

Como todas as outras distopia, nesse romance temos um futuro onde a crítica vai no fato de ser os livros a causa que distorce a hegemonia, a harmonia e a alienação, tornando pessoas críticas extremamente revoltadas e violentas, enfim, o fato do livro abrir as cabeças para novas posturas de pensamento e cisão de mundo, poderia ser uma coisa perigosa, mas diferente das duas outras obras, não é o governo que intervém, para que se acabe com os livros da face da Terra, mas a própria população hipnotizada e escrava da televisão, felizes em seu estado de transe com uma falsa felicidade e paz é que são os agentes que serão os responsáveis para que agentes especializados em queimar bibliotecas sejam acionados para que se destruam tudo. Dessa forma, é a população bestificada quem vigia os outros e promovem a destruição da cultura impressa, pois o governo apenas coloca os livros como proibidos, além das opiniões próprias, pois são consideradas perigosas para desarticular a sociedade e dessa forma o pensamento crítico é suprimido. O personagem central, Guy Montag, trabalha como "bombeiro" (o que na história significa "queimador de livro"). O número 451 é a temperatura (em graus Fahrenheit) da queima do papel, equivalente a 233 graus Celsius. A piada está no fato de que, quem deveria apagar o fogo é quem provoca o incêndio.


Essa obra na minha vida entrou através do filme de um dos diretores que eu amo de paixão François Truffaut e estrelando Oskar Werner e Julie Christie. O filme foi lançado em 1966 e somente depois eu fui ler o livro que, através dos anos, foi submetido a várias adaptações e dezenas de outras referências ao livro, ocorreram em romances, músicas e vídeo games. Também temos várias interpretações; Primeiramente focadas na queima de livros pela supressão de idéias dissidentes. Bradbury, porém, declarou que Fahrenheit 451 não trata de censura, mas de como a televisão destrói o interesse pela leitura. Vendo a obra nos dias de hoje, realmente fica claro que censura é algo vindo do governo, de cima para baixo e não é mostrado isso na história, a população está vidrada na televisão e quer somente viver alienado de tudo diante do que ela trás. O autor conta que sua intenção original era mostrar seu grande amor por livros e bibliotecas, e frequentemente se refere a Montag como uma alusão a ele mesmo.

O enredo é bem simples. A época em que ocorre a história não é precisa, fica num futuro inespecífico em uma América hedonista e anti-intelectual. O fato é que por ser assim, perdeu totalmente o controle do que é o senso crítico, todos ficaram abestalhados, imbecilizados e achando que o certo era ficar assim, ignorantes é que é chique e perfeito. Certamente a população não tinha critérios lógicos e temos ilegalidade nas ruas, desde jovens jogando carros contra pessoas apenas por divertimento, ao bombeiro ajustando seu cão de caça mecânico para caçar animais em suas tocas, apenas pelo simples e grotesco prazer de assisti-los morrer. Qualquer um que é pego lendo livros é, no mínimo, confinado em um hospício.


A questão dos livros tem destaque especial, pois eles sim são considerados super ilegais e, uma vez encontrados na posse de alguém, são queimados pelos "bombeiros". O protagonista, Guy Montag, é um bombeiro que, seguindo a profissão de seu pai e de seu avô, tem certeza de que seu trabalho é a coisa mais certa a fazer. Ele lembra-se particularmente de uma ocasião de sua infância, quando faltou luz e sua mãe acendeu uma vela: no escuro, a vela proporcionou uma luz estranha, mas na qual Montag se sentiu seguro e confortável.

O romance começa a mudar seu tom grotesco justamente com uma ocorrência mais grotesca ou até monstruosa que ocorre numa das chamadas para queimar uma biblioteca clandestina e a dona, uma senhora idosa não abre mão de sair do local que já está totalmente banhado por um líquido semelhante a querosene. Ela fica falando coisas que os livros falam e os bombeiros ficam atônitos, sem entender coisa alguma e começam a contagem regressiva para que ela saia, mas ela os surpreende e usa um fósforo e joga no líquido e é queimada junto com seus livros, o que faz com que Montag fica horrorizado e questiona seu papel, sua função e se questiona o porquê esses livros foram tão importantes para essa mulher. Ao chegar em casa, sua esposa Mildred está alienada com amigas assistindo televisão e quando ele tenta desabafar ou questionar o corrido, sua esposa fica com cara de nonsense e ele se isola. Mildred Montag tenta esconder seu vazio interior e medo de questionar seu ambiente ou a si mesma. Num dia, ela toma um vidro de tranqüilizantes (clonazepan) e Montag a encontra desmaiada, jogada no chão e desacordada e com o vidro na mão. Depois de socorrê-la no hospital, ela volta a sua rotina como se não ocorreu nada.


Depois ele conhece uma jovem chamada Clarisse McClellan, que é uma adolescente extrovertida, alegre, heterodoxa, intuitiva, linda e vivaz que vai fazer com que Montag questione seu trabalho com perguntas simples. Mas porquê vocês colocam foto nos livros? O que eles têm de tão ruim? O Montag não tem respostas e fica totalmente confuso e busca a verdade. Seu superior é um homem letrado, mas não consegue explicar para Montag que, o fato de ler livros, as idéias ficam confusas e que não vale a pena ficar com mais dúvidas e confusão que já é a vida real e isso só faz mal a mente, pois estes são considerados uns deturpadores de mentes, são eles que corrompem as pessoas para que tenham visões diferentes daquelas que o estado dita. mas Montag não fica satisfeito com tais explicações e vai cada vez mais fundo e descobre que a adolescente é uma rebelde e tem respostas para seus dilemas. Ele encontra uma sociedade secreta que é a grande sacada e maravilha criadora do autor, mas a adolescente não está entre eles, somente no filme de 2018, ela aparece no acampamento dos refugiados. Como não se pode ter livros, pessoas decoravam livros de sua preferência e depois os queimavam, quer dizer, eles eram homens livros e a intenção era que num futuro próximo, fosse permitido imprimir tais livros e eles seriam necessários para as soluções da nação. Os homens livros seriam o registro do passado, a volta dos livros, só que o final da obra é extremamente pessimista, pois tudo acaba em cinzas e o leitor fica totalmente perplexo com o que acaba de ler, no mínimo chocado.


Realmente essa obra é um soco no estômago, envolvente e crítico e, para mim é o que mais se aproxima do da nossa realidade atual, um livre de 1959 é totalmente atual em 2019. A sociedade que Montag conheceu foi quase totalmente dizimada, e uma nova sociedade estaria nascendo de suas cinzas? Fica uma pergunta no final, mas com um destino ainda desconhecido. Nesse novo mundo, supondo o que o autor desejava passar, as pessoas livros outrora oculta começam a revelar-se, explicando a todos os demais de onde vieram de que forma o conhecimento que detém poderá transformar a vida de todos de forma positiva.

Sobre o Cão de caça mecânico (Sabujo) existe somente no livro, não aparecendo no filme. É uma máquina de oito patas desprovida de sentimentos, ele pode ser programado para caçar e matar livre-pensadores seguindo-os apenas por seu olfato. Pode se lembrar de até 10000 outros cheiros. Ele é focado somente na destruição para a qual ele é programado. No seu focinho tem uma prosbócide que pode injetar quantidades letais de morfina e procaína em sua presa. Embora Montag tenha sobrevivido a uma dessas injeções, assim mesmo ele sofre enorme dor, mas apenas por um curto período. O primeiro cão visto na história é encontrado quando Montag põe fogo nele com seu lança-chamas. O segundo é programado a encontrar um homem chamado Montag que serviu para o divertimento das pessoas que assistiam à perseguição dele pela televisão. Ray Bradbury declarou no seu epílogo que seu "cão de caça mecânico", seria seu clone da grande fera dos Baskerville. Refere-se aqui, ao romance de Sir Arthur Conan Doyle: O Cão dos Baskerville do famoso detetive Sherlock Holmes.


Bradbury escreveu uma nova coda para o livro contendo vários comentários sobre a censura e sua relação com o romance. A coda está presente na versão de 1987, que ainda é impressa.

“Há mais de um jeito de queimar um livro. E o mundo está cheio de pessoas por aí com caixa de fósforos. Cada minoria, seja batista, unitária, irlandesa, italiana, octagenária, zen-Budista, sionista, adventista, feminista, republicana, homossexual, quadrangular, acha que tem o direito, ou o dever, de dosar o querosene e acender o fogo. O chefe do corpo de bombeiros, capitão Beatty, em meu romance Fahrenheit 451, descreve como os livros foram queimados primeiramente pelas minorias, rasgando uma página ou duas. Depois disso, quando os livros já estiverem vazios e as cabeças fechadas, a livraria fechará para sempre.


... Apenas há seis semanas, eu descobri que, através dos anos, alguns editores da Ballantine Books, com medo de 'contaminar' os jovens, tinham, pouco a pouco, censurado 75 seções separadas de meu romance. Os estudantes, lendo meu livro, me escreveram para me contar essa delicada ironia. Judy-Lynn del Rey, um dos novos editores da Ballantine Books, está reeditando o livro inteiro novamente e republicando nesse verão, com todos os 'diabos' e 'infernos' de volta a seu lugar". Em outra ocasião, Bradbury observa que a história fala sobre a alienação das pessoas pela mídia:

“Escrevendo Fahrenheit 451, eu pensei que estava descrevendo um mundo que talvez 'aconteceria' em 4 ou 5 décadas. Mas, há algumas semanas, numa noite em Beverly Hills, um casal passou por mim caminhando com seu cachorro. Eu fiquei olhando para eles, absolutamente pasmo. A mulher segurava, em uma mão, um rádio, em forma e tamanho mais ou menos de um pacote de cigarro, com uma antena balançando. Dele, saía um minúsculo cabo de cobre que terminava em um delicado fone em forma de cone ligado na sua orelha direita. E ela ia 'voando', sonâmbula, esquecida do homem e do cão, escutando à novela que tocava no rádio, guiada por seu marido que provavelmente não estava nem aí. Isso não era ficção".


Filmes

Fahrenheit 451 (1966) é a adaptação da obra literária homônima do escritor Ray Bradbury e por isso é o único filme em inglês dirigido por François Truffaut. Todos os créditos de diretor, roteiristas, elenco, produtores, música, fotografia e até mesmo o nome do filme são narrados em off, não aparecendo nada escrito na tela. Apenas surge, no final, o tradicional "The End" e o nome do estúdio que produziu Fahrenheit 451. Entre os livros queimados pelos bombeiros está a revista Cahiers du Cinema, para a qual o próprio diretor François Truffaut escrevia na época. Após o término da montagem de Fahrenheit 451 o diretor François Truffaut declarou estar decepcionado com a versão original do filme, pois não gostou de alguns diálogos em inglês. Truffaut declarou ainda que preferia a versão dublada em francês do filme, cuja tradução foi inclusive supervisionada por ele. Sinópse. Em um Estado totalitário em um futuro próximo, os "bombeiros" têm como função principal queimar qualquer tipo de material impresso, pois foi convencionado que literatura um propagador da infelicidade. Guy

Montag (Oskar Werner) é um destes bombeiros, aspirante a capitão, casado com uma mulher fetichista, capitalista e fútil (fruto da ausência de leitura) seguindo os passos de seu pai, a profissão de bombeiro para ele, é a coisa mais significante que existe. Porém todo esse pensamento muda ao conhecer a sua nova vizinha Clarisse (Julie Christie), dona de uma mente livre, filosófica e idealista, ela compartilha com ele suas dúvidas, muitas delas referentes a questão principal do filme: por que não podemos ler os livros? Ao ouvir este questionamento inovador, Guy que nunca pensou nisso, simplesmente começa a se questionar sobre seus ideais, ao se perguntar se ele estava satisfatoriamente feliz com seu “trabalho”.


Durante uma denúncia, em que uma senhora foi descoberta com uma gigantesca biblioteca secreta em sua casa, os bombeiros são chamados para prendê-la e queimar os livros e ele começa a questionar tal linha de raciocínio quando vê uma mulher preferir ser queimada com sua vasta biblioteca ao invés de permanecer viva. Guy envolto de dúvidas, lê acidentalmente o título de um dos livros da biblioteca secreta: O tempo adormeceu sobre o sol da tarde. Logo em seguida a dona dos livros denunciada se recusa a deixar a casa que guarda tanto conhecimento, para não ver seus livros destruídos, a mesma comete suicídio. Isso deixa o tenente Guy Montag totalmente perturbado, se perguntando por que uma pessoa se mataria por causa dos livros. Furtando mais e mais livros, ele se vê fascinado pela leitura, pelo conhecimento que existe neles, logo sua esposa descobre e o denuncia. Sem saída ele foge, por não querer ficar longe dos livros, daí sua vizinha Clarisse o leva a comunidade dos Homens-livro. Um lugar onde os exilados da sociedade leem uma obra literária e a decoram página por página (ideia super cool) para que sejam publicadas quando não for mais proibido ler.

Truffaut é um dos diretores fundadores da Nouvelle Vague, cinema feito para transgredir com os cânones do cinema comercial, aqui o foco principal é a lógica psicológica dos personagens. É a máxima do expressionismo cinematográfico francês! Considerado como uma das pessoas mais influentes do século XX, o diretor era conhecido por seu charme simplista, contrapondo com seus filmes tão críticos no enfoque de história de pessoas comuns e fatos banais.


Foi feito um remaker em 2018 que nem, vale a pena discutir de tão ruim, pois depois de passar pela versão dramática de François Truffaut na década de 1966, a distopia escrita por Ray Bradbury acaba de ser enquadrada no cinema de ação comercial pelo diretor Ramin Bahrani, perdendo todo o significado da obra original dando espaço apenas para cenas de perseguição, telas translúcidas com tecnologia futurista, instrumentos de realidade virtual, horizontes de arranha-céus refletindo transmissões sensacionalistas da mídia. .


 
 
 

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