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História d´O

  • Foto do escritor: Fernando Carlos
    Fernando Carlos
  • 21 de set. de 2019
  • 5 min de leitura

Atualizado: 6 de nov. de 2019


Pauline Réage.

Essa obra é inegavelmente erótica com temática sadomasoquista escrita de forma crua e direta do ponto de vista da protagonista que se sujeita a ser escrava de seu amante por livre e espontânea vontade. A verdadeira autora é Anne Cécile Desclos (1907 - 1998), que foi escritora e jornalista, além de ser crítica literária e também usou outro pseudônimo “Dominique Aury”. Um livro forte, pesado em meias palavras que chocou muitos leitores não acostumados com essa temática erótica e, portanto se fez um mistério muito grande de quem assinou de fato a autoria de um livro tão direto sobre prazeres de forma incomum.

Mesmo recebendo o prêmio de literatura erótica Les Deux-Magots em 1955, no ano seguinte a sua publicação, o livro provocava fortes reações do público e da crítica e não ficaram sabendo quem era de fato o autor. Quinze anos mais tarde, em 1969, ainda como Réage, publicou uma continuação do romance de O, “Retorno de Roissy. A real identidade de Pauline Réage só foi revelada em 1994, numa entrevista concedida à revista americana The New Youker. Anne Cécile Desclos é nascida de uma família conservadora e católica, foi abandonada na tenra infância pela mãe, e criada de forma bilíngue (francês e inglês) pela avó, na Bretanha, mas sua carreira fio na França com quem teve relacionamento afetivo com o escritor Jean Paulhan e foi durante a segunda grande guerra que Anne participou do movimento de resistência e publicou uma antologia de poesia erótica francesa e somente em plena maturidade, escreveu, sob o pseudônimo de Pauline Réage, o romance Histoire D´O, em que, com considerável coragem para a época, a autora aprofunda a análise das pulsões sexuais, desmistifica as práticas sadomasoquistas e concede respeitabilidade àqueles que buscam e encontram prazer sexual na submissão e na dor, mas focado especificamente na mulher submissa, uma mulher que deseja esse estilo de vida, consensualmente. Em entrevista, ela conta que sue parceiro e amante era um admirador da obra do Marques de Sade e ele se gabava do fato de que foi um homem que escreveu tais livros e que "mulheres não eram capazes de escrever romances eróticos". Em resposta a essa provocação ela escreve esse clássico da literatura erótica, ganha um prêmio e muda radicalmente o modo de escrever e tal romance se tornou um dos ícones da literatura erótica do século XX.


Não é uma obra fácil de se ler, a submissão feminina é descrito na perspectiva da heroína em um estilo cru e direto, deixando claro sua vida interior, que é retratada de uma maneira sutil, sem ser avaliada moralmente ou psicologicamente. Pela qualidade literária e pela considerável coragem com que trata o tema sua obra foi mais que bem reconhecida, sem nenhum termo ofensivo ou vulgar. O livro é escrito sem palavras obscenas, mas as cenas não deixam nada e perder da violência que o Marques de Sade colocou em suas obras, mas aqui temos como protagonista uma mulher livre e independente, que deseja consensualmente ser transformada em escrava para seu noivo.


Se vamos marcar ou apontar uma obra específica do Marques de Sade, certamente seria 120 de Sodoma, pois assim como na obra sadiana, o protagonista "O" é levada por seu amante René a um castelo situado em Roissy, perto de Paris, onde ela se tornará escrava. Fazendo um paralelo, na obra 120 dias, temos 4 libertinos que levam jovens para saciarem seus desejos sexuais num castelo, na Floresta Negra próximo de Paris. Não sabemos o nome da protagonista identificada apenas como "O", uma fotógrafa de moda parisiense bem sucedida, se deixa levar sem resistência por seu amante René ao isolado castelo de Roissy. Roissy é uma propriedade particular; no seu interior, muitas mulheres são induzidas a ser submissas à vontade dos homens.


Ela passará por um treinamento de como ser submissa e aprende a ser uma escrava. Como parte de seu treinamento, ela é amarrada, chicoteada e aprende a estar a disposição do dominador a qualquer momento e para todos sexualmente disponível. Numa passagem, depois de ser surrada e estar num quarto com outras mulheres mais treinadas, um homem entra na sala e todas se posicionam para serem usadas sexualmente, mas ele as ignoram e vai se arrumar no espelho e sai do quarto sem usa-las. ”O” fica surpresa com a objetificação das mulheres, mas gosta disso.

Depois de passar por esse treinamento terrível, mas que dá prazer a ela e aos homens que a usaram, tem uma prova de amor para completar sua formação. Seu noivo decide emprestá-la para o líder máximo dessa confraria, uma espécie de presidente dessa sociedade secreta e ela concorda com o pedido de René para viver temporariamente com Sir Stephen, e se submeter a ele em todos os sentidos e agora ela passa mais algumas barbaridades que ele fará com o corpo e psicológico dela, mas de forma incondicionalmente aos desejos dele. Sir Stephen revela-se ainda mais dominante que René. Aqui temos uma reviravolta, pois “O” demonstra ser de fato uma masoquista e se apaixona pelo mais sádico Sir Stephen e percebe que seu noivo não é tudo que ela pensava. “O” amava a idéia do suplício, quando o sofria por ter traído o mundo inteiro para poder viver o que desejava, e quando tinha terminado sentia-se feliz por tê-lo sofrido, tanto mais feliz quanto mais cruel e mais longo tivesse sido.


René não se importa e dar "O" para o líder. Como prova de seu amor por Stephan, ela passa por um treinamento ainda mais rigoroso, em um lugar habitado e gerenciado exclusivamente por mulheres, denominada Samois. Lá, ela concorda em obter uma marca de ferrete e um pircing em forma de anéis colocado na vagina, como o sinal definitivo de sua submissão e escravidão à Sir Stephan e isso é aplicado sem anestesia, somente seria amarrada mais forte para não se mexer: "vai ser gravado o seu nome, seu título e o nome e prenome de Sir Stephen; mais abaixo, um chicote e uma chibata entrecruzados. Disse Ane-Marie. É famosa uma cena de violação e tortura em que ela repara que os chinelos de seu amante são gastos e ela teria na próxima oportunidade adquirir novos. O livro que li é em PDF (com 92 páginas) disponibilizado pela equipe Le Livros, que disponibilizam para pesquisa e é de domínio público, portanto o último capítulo tem uma advertência de que existe um final duvidoso, mas o que fica claro é que “O” preferiu ficar com Sir Stephen e ele a deseja também, mas como ele pode tudo, ele é o Top, decide por abandoná-la e ela fica sem um norte e diz que vai se suicidar. Ele diz que ela é livre para fazer o que desejar, mas no final, esse suicídio não é tirar a própria vida, mas sim o suicídio da relação.


A linguagem é estilo seco, não tem uma história romântica, bonitinha, é sadomasoquismo puro, inclusive no final ficamos sabendo que ela também tem uma escrava e não tiramos grandes lições, além do fato de que existem pessoas que curtem esse estilo de vida e pronto, é uma obra da tradição da literatura clássica francesa.

O ilustrador e criador de história em quadrinhos italiano Guido Crepax se notabilizou em escrever e desenhar quadrinhos eróticos na década de 60. Notabilizou-se também pela linguagem sofisticada, "cinematográfica", de seus desenhos. É considerado também um dos principais nomes dos quadrinhos europeus de temática adulta na segunda metade do século XX e transformou o livro História d´O em quadrinho.


Em 1975, foi lançada uma co-produção entre a França, RFA e Canadá, e baseado na obra-prima de Pauline Réage, conta com as interpretações de Corinne Cléry, Udo Kier e Anthony Steel. Direção de Just Jaeckin.

Em 1984, é lançada uma sequência do filme anterior, agora dirigida por Eric Rochat.

 
 
 

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