Lolita
- Fernando Carlos
- 2 de jun. de 2019
- 9 min de leitura

Vladimir Nabokov
Lolita é um livro que fala sobre um pedófilo. Em muitos países essa obra foi proibida devido ao tema e mesmo na França que publicou pela primeira vez a história.
Existe várias interpretações sobre o que representa a menina e o pedófilo, uma delas é que Lolita é a jovem e sedutora América e o pedófilo seria o velho continente decadente, mas isso é elucubrações intelectuais, pois o autor fala diretamente que é uma história sobre o ponto de vista do pedófilo e ponto final.
Sobre as dificuldades de publicar um tema tão polêmico e pornográfico não é difícil imaginar.

O autor, que é Russo, tentou nos EUA e como nenhuma editora aceitou o tema, foi para a França e lá conseguiu a publicação, mas a polêmica foi tanta que o autor passou o resto da vida dando entrevista e explicações sobre o porquê do tema e qual sua intenção, que ele concluir que não é nada mais ou menos que o amor a arte, sem intenção de defender ou estimular essa patologia ou aberração. O fato é que com a obra o termo Lolita passou para a literatura médica e pornográfica e o termos ninfeta, que já existia, passou a ter uma outra conotação, já que o personagem afirma que algumas crianças são tão sexualizadas que conseguem enlouquecer qualquer homem e daí o termo ninfeta, que vem de ninfa, jovens mulheres da Grécia que se matem virginal nos templos dos deuses. Dessa forma, existem crianças com poder de deusas ou demônios que encantam os homens.
Qualquer crítica especializada concorda com o fato de que essa obra é prima, genial e escrita de forma que prende o leitor de forma encantadora da escrita e perfeição das palavras. Mesmo que o tema seja espinhoso e degradante, o autor consegue nos envolver e até se identificar com o monstro que seduziu uma criança de 12 anos de idade. Chegamos a sentir pena do pedófilo em algum momento ou nos encantar com suas declarações de amor, Não há somente uma página que a escrita não é tão perfeita que simplesmente adoramos ficar lendo e entrar na história.

O autor tem convicções muito fortes, é contrário ao Bolchevique e tudo que é corretivo não é criativo. Ele é defensor da liberdade e criatividade individual. Bastante erudito conseguiu fazer uma obra perfeita em todos os sentido e considerado um dos melhores escritores na língua inglesa, veja que ele é Russo e a primeira obra fora doa Rússia foi escrito em Francês.
Lolita foi escrita em 1952 a 1954, mas três editoras dos EUA recusaram publicar devido ser um livro pornográfico e por isso que foi para a frança e lá conseguiu sua primeira publicação mundial. Somente em 1957 que os norte-americanos publicaram sua obra, que já era polêmica, mas um sucesso
No início da obra já sabemos que o personagem está preso e ele escreve da prisão suas memórias e portanto o leitor já sabe que teremos uma narração em primeira pessoa, na figura de Humbert. A história começa com ele indo para uma pensão, sendo que foi difícil ele ser aceito em outras, mas ele está conhecendo uma das pensões e detestando tudo, inclusive a dona da pensão Charlotte Haze, mas ao final da visita na casa dela, ele vê uma criança de 12 anos chamada Dolores Haze, que é filha da pensionista viúva. A criança está tomando sol no jardim e ele fica enfeitiçado. Nessa hora sabemos o que significa uma ninfeta, pois ela já é uma criança sexualizada o suficiente para provocar sexualmente de uma forma indireta. Ele se sente tão enfeitiçado que aluga o quarto e se casa com a pensionista Charlotte Haze somente para ficar perto da criança Dolores.

O autor nas suas confissões após separado de sua única mulher, uma francesa a qual ele dedica o livro Lolita, diz que teve um namorico com Annabel Leigh, ambos com 13 anos de idade e os pais dela, percebendo essa aproximação proibiu deles ficarem juntos, mas quando ele estava perto de ir além do namoro, ela morre de febre tifóide. Isso pode ter espirado o romance Lolita, já que a mesma história abre o livro mas não temos como saber, já que não há evidência alguma de que essa atração por crianças se consumou no resto de sua vida do autor, embora o casamento dele com uma mulher adulta também não foi tão bem sucedido assim.
A imagem dessa criança sexualizada seria a imagem da mulher perfeita para Humbert para o resto de sua vida do personagem do livro e com isso ele quer justificar o gosto por crianças, embora ele depois vai afirmar que a preferência de idade para amar uma mulher era entre 9 a 14 anos de idade, quer dizer, ele sempre foi um pedófilo e essa história é somente para iludir o leitor.

No primeiro mês que fica na pensão ele passa o tempo a se masturbar pensando na Lolita, apelido que ele deu a Dolores e ainda fez um diário no qual ele registra suas fantasias obsessivas sobre Dolores, enquanto também expressando sua repugnância por Charlotte quem ele vê como um obstáculo para sua paixão. Sempre que ele pode, fica próximo de Lolita e ejacula, sem que sua mãe perceba. Lolita vai para um acampamento de verão e quando ele vai buscá-la ela o recebe dando um beijo na boca. Humbert se casa com Charlotte para ficar com a menina.
Dolores com 12 anos de idade, órfã de pai tem o Humbert como padrasto e ele fica obcecado e ela percebe e usa disso para barganhar. Para poder ficar mais tempo com a afilhada ele dopa sua esposa. Ela descobre cartas de Humbert sobre a luxuria com sua filha, mas antes que ela possa tomar alguma providência é atropelada e morre na hora. Ele passa a ser dono da Dolores, mas não conta que ela faleceu, mas sim que está hospitalizada. Ele a leva para um hospital e conhece uma pessoa, um produtor teatral que cobeça sua filha Dolores. Ele dopa Lolita e a leva para casa e ela confessa a ele que não é mais virgem, que fez sexo com um menino mais velho em um diferente acampamento um ano atrás na idade de 11. Humbert finge que não entendeu e ela quer mostrar para ele como foi e ambos fazem sexo. Chega um ponto em que ele fala que sua mãe faleceu.

Eles viajam pelos EUA por dois anos. Ele a manipula com presentes em dinheiro e roupas em retorno por favores sexuais. Completamente paranoico sobre a situação e cada vez mais ciumento de seus flertes com outros, Humbert controla os movimentos de Dolores cuidadosamente e proíbe ela de se associar com outros adolescentes. A relação começa a ficar paranóica e insuportável. Ela decide fazer teatro com o outro possível pedófilo chamado Clare Quilty um famoso dramaturgo que é pedófilo como ele e deseja a Lolita da mesa forma. Muitos leitores entendem isso de duas formas, uma que ele encontra seu duplo outra é que tudo não passa de um delírio e esse outro nunca existiu. Ele não tem uma paixão sexual apenas, ele é obcecado por ela.
Ela percebe o poder que tem e começa a mandar em Humbert. Diz que não quer mais fazer teatro e que quer uma viagem para onde ela apontar e ele segue todos os seus desejos e num determinado tempo é ela quem toma a frente e ambos fazem sexo novamente. Ele começa a ficar paranóico de fato, imagina que ela tem sexo com outro na sua ausência. Nada é comprovado.

Dolores cai doente e Humbert a interna e dias depois a enfermeira diz para ele que ela teve alta e um "tio" tinha pagado sua conta e levado ela para casa de seu "avô"; Humbert sabe que Lolita não tem parentes vivos e ele imediatamente embarca em uma frenética busca para encontrar Dolores e seu raptor e nunca mais encontrou.
Profundamente depressivo, Humbert recebe uma carta de Dolores, agora com 17 anos, contando para ele que ela está casada, grávida e necessita de dinheiro. Ele vai até Richard Schiller onde ela vive com seu marido. Ele dá o dinheiro e quando a vê percebe que ainda sente um imenso amor por ela. Aqui fica confuso, se ele ama ou foi uma paixão, mas o que parece e nas palavras dele é amor e não uma obceção simplesmente, mas devemos observar que vemos somente o pensamento dele

Ele acredita que Schiller é o raptor e planeja matá-lo e então pede para ela abandonar sua vida e sair com ele. Ela aceita o dinheiro, que é dez vezes o valor que ela pediu, mas recusa a oferta de uma vida juntos. Dolores revela para Humbert que foi Quilty que levou ela do hospital e tentou fazer dela uma estrela em um de seus filmes pornográficos. Ela recusou e ele a expulsou do rancho e ela teve que se virar. Ela vai atrás e mata Quilty e por isso está preso.
Em seus pensamentos finais, Humbert expressa sua crença de que ele é culpado de estupro estatutário, mas todas as outras acusações contra ele mesmo devem ser rejeitadas. Ele reafirma seu amor por Lolita, e pede para sua Confissão ser retida do lançamento público até após sua morte.

Lolita é um "romance erótico". Escreve Malcolm Bradbury. Samuel Schuman diz que Nabokov "é um surrealista. Lolita é caracterizado pela ironia e sarcasmo. Isso não é um romance erótico".
Lance Olsen escreve: "Os primeiros 13 capítulos do texto, culminando com a muito citada cena de Lo (como usa mãe a chamava) inconscientemente esticando suas pernas através do colo excitado de Humbert ... são os únicos capítulos sugestivos do erótico". Nabokov concorda, pois não existe cenas eróticas.
Seja como for, o livro é polêmico, muioto bem escrito e somente a experiência de lê-lo se pode tirar alguma conclusão, mas o fato é inegável, é uma obra prima e um clássico da literatura universal.
Filme.
Lolita foi feito em 1962 por Stanley Kubrick e estrelou James Mason, Shelley Winters, Peter Sellers e Sue Lyon como Lolita; Sinopse: James Mason interpreta o professor Humbert Humbert, que aluga um quarto na casa de Charlotte (Shelley Winters), mãe de Lolita (Sue Lyon), de 15 anos. A senhora logo se apaixona pelo professor, mas ele só tem olhos para a ninfeta Lolita. Para ficar próximo da menina, Humbert chega a se casar com a mãe dela. Mas Charlotte um dia descobre sobre as intenções do marido; a história toma novo rumo, dando espaço a tragédia e a um romance entre padrasto e enteada.

Nabokov foi nomeado para um Academy Award por seu trabalho no roteiro adaptado deste filme, embora pouco deste trabalho atingisse a tela; Stanley Kubrick e James Harris substancialmente reescreveram o roteiro de Nabokov, embora nenhum tomasse crédito. O filme grandemente expandiu o personagem de Clare Quilty, e removeu todas as referências para a obsessão de Humbert com jovens meninas antes de conhecer Dolores. O arranjador veterano Nelson Riddle compôs a música para o filme, cuja trilha sonora inclui o hit single, "Lolita Ya Ya".
A crítica a esse filme é que ele transforma um pedófilo doentio em um homem inocente que foi seduzido por uma garota de catorze anos, uma adaptação romantizada sobre algo extremamente problemático triste e doentia.

A atriz esbanja erotismo e malícia. Não existe a real associação do filme à pedofilia, somente mostra a obsessão doentia de um adulto por uma garota de quatorze anos. Vê-se, ao longo da trama, que o professor Humbert divide-se entre os papeis de pai e amante, apresentando-se para a sociedade como o primeiro e para Lolita como o segundo. A garota não é tão inocente quanto a maioria que tem essa idade, agora,. Tem o problema de se relacionar com o padrasto e pior, manipula-lo, conseguindo, assim, sempre, o que quer. O caráter polêmico está exatamente na falta de inocência de Dolores e não no que a obra original descrevem a pedofilia e, claro a questão do incesto.
Direção boa, atuações ótimos, história contada com sensibilidade e arte, nada vulgar. O problema é que Sue Lyon como Lolita não tem aquele jeito sensual, provocador e infantil ao mesmo tempo, que tem a personagem do livro.

Lolita, filme de 1997 foi dirigido por Adrian Lyne estrelando Jeremy Irons, Dominique Swain, e Melanie Griffith. Sinopse: Professor de meia-idade casa com viúva que não suporta para ficar junto à enteada, menina de doze anos por quem se apaixona. Após a morte da mãe, os dois, já amantes, viajam como pai e filha, mas ela tem outros planos.
Recebeu mistas revisões. Foi adiado por mais de um ano por causa de seu assunto controverso, e não foi lançado na Austrália até 1999. Múltiplos críticos notaram que este filme removeu todos os elementos de comédia neutra da história. Em Solon, Charles Taylor escreve que isso "substitui a crueldade e comédia do livro com lirismo manufaturado e romantismo deprimente"
A adaptação de Adrian Lyne costuma ser considerada mais fiel à obra de Nabokov. Charles Taylor afirma: “com lirismo manufaturado e romantismo embasbacado”, dessa forma o diretor substitui os elementos de culpa e erotismo para dar elementos para as pessoas exergarem Lolita como uma história de amor, e não um relato de abuso, romance proibido e não correspondido e não a falta de moral presente na obra original.

A pedofilia é disfarçada no filme, já que Humbert não se confessa ped~´ofilo como no livro, mas sim que a paixão por Dolores é uma exceção na sua vida. Além disso, corpo adolescente de Dominique Swain com 17 anos na época disfarça a pedofilia de Humbert, tornando menos ofensiva ao público a atração física pela garota. Do mais, os problemas de ser um homem controlador, manipulador, passivo, impotente diante do “poder de sedução” da menina Hazee cônscio do efeito de suas ações estão presentes e a hipersexualização da personagem convida os abusos de Humbert. A crítica que se faz a essa adaptação não está no quesito técnico, direção e arte, que por sinal é nota dez, mas sim em omitir o estupro e a violência de Humbert sobre Lolita, além do incesto.

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