top of page
Blog: Blog2
Buscar

O Imbecil Coletivo

  • Foto do escritor: Fernando Carlos
    Fernando Carlos
  • 21 de mai. de 2019
  • 7 min de leitura

Atualidades inculturais brasileiras

Olavo de Carvalho

Essa obra é uma grande ofensa a quem realmente é um pensador e a toda intelectualidade brasileira e principalmente a um dos grande intelectuais do mundo dos anos 30 comunista italiano, o grande Antônio Gramsci que dizia o seguinte: “O próprio partido (comunista) deve ser um intelectual coletivo no sentido de procurar conquistar a hegemonia, promover uma reforma intelectual moral e criar uma vontade coletiva nacional popular.” Intelectual é trocado propositalmente de forma inapropriada pela palavra imbecil.

Quem são os imbecis que Olavo se refere?


Esse autor escolheu a palavra errada para definir quem seriam esses imbecis sem nem mesmo definir corretamente essa palavra, que seria aquele que denota inteligência curta ou possui pouco juízo; idiota, tolo ou aquele que é fraco, sem forças. Ele diz contextualmente o seguinte: “O imbecil coletivo não é de fato a mera soma de imbecis individuais, é ao contrário, a coletividade de pessoas de inteligência normal ou mesmo superior e que se reúnem movidas pelo desejo comum de imbecilizar-se umas as outras.” Imbecilizar é fazer ficar ou ficar imbecil.

Essa definição que ele trás faz referencia direta ao pensamento de Gramsci. Nesse sentindo, para Olavo de Carvalho, existe uma teoria da conspiração já em andamento no Brasil, em que os tais intelectuais (os imbecis, no caso) estão juntos e divulgando suas idéias marxistas para outros se tornarem marxistas como eles. Para esse autor, os intelectuais estão mancomunados no MEC (Ministério da Educação e Cultura), mas sem nenhuma evidência legítima para sustentar essa possível comunada.


Ele cita dezenas de autores por toda sua obra, autores que dificilmente um leitor mediano já ouviu falar, como por exemplo Robert Rios, que escreveu um livro chamado “Cultura da reclamação” em que ele afirma que a obra de arte em geral não deve ser julgada pela mensagem política e nem tem a função de trazer mensagens políticas embutidas e deve ser julgada a arte pelo que ela representa, arte somente, pois é bem mais fácil julgar uma arte pelo viés político que pelas escolas artísticas ou normas estéticas formais. Muito bem, correto, mas Olavo de Carvalho vai usar exatamente isso para dizer o contrário e pior, que a arte só vai dar mensagens de conteúdo comunista.

Na verdade o livro foi montado por Carlos Andreassa com artigos publicados por Olavo de Carvalho na primeira metade da década de 90 quando ele era jornalista. O que o editor fala sobre esse livro ser ou não datado é algo que surpreende o leitor, pois ele afirma que as análises de Olavo que estão nessa obra de mais de 600 páginas explica o Brasil de 2018 e também de 2028, quer dizer, que Olavo previu o que iria acontecer nos dias de hoje e pior, que não vai mudar nada após 10 anos depois de hoje.


Quanto a parte de escrita, devemos analisar como uma obra atípica, pois não se prende as regras e formalidades da concepção de uma obra de não ficção, já que é uma obra crítica, em que ele a todo momento está defendendo as suas idéias e até ofendendo um outro autor ou pior ainda, criticando uma idéiam, tem obrigatoriamente estar embasado minimamente em algo consistente na realidade ou em outras fontes muito cofiáveis. É diferente de você afirmar algo que já está exaustivamente comprovado por intelectuais, já que a crítica é para esses, ou por cientistas sociais, que seria o tema da obra, mas não, ele deixa suas opiniões sem nenhuma sustentação de fontes confiáveis e sim impressões e opiniões puramente subjetivas.

Não existe ligação factual com as fontes citadas e muito menos uma análise conceitual dessas fontes o que deixa a impressão que somente suas impressões ideológicas é que são verdades absolutas sem uma amostragem de dados para validar suas opiniões.


Através de uma seleção de livros, obras artísticas e artigos de jornal, especificamente dos cadernos culturais, o autor faz um pequeno comentário sobre cada uma delas, uma análise puramente pessoal e vai delineando sua avaliação desses primeiros 5 anos da década de 90, que corresponde ao período pós promulgação da nossa nova constituição em 1988, com o fim da ditadura militar em 1985. O propósito é mostrar através dessa análise que o brasileiro teve um declínio da cultura ficou mais imbecilizado. Sua tese é que isso se deve a um resultado da intervenção de intelectuais marxistas se infiltraram nas universidades e que dentro dos meios de comunicação e das mídias conseguiram passar suas idéias e isso se deu desde o golpe militar de 1964 e dentre as suas idéias estariam, temas como luta de classe, banditismo, marxismo, marginalização (especificamente dos gays e negros) fundamentadas na teoria comunista e tudo isso estaria em oposição a ideologia burguesa conservadora e cristã.


Com isso, os intelectuais estavam comungados nas universidades, se apropriaram de todos os meios de comunicação, que até os meados da década de 90 não existia a internet no Brasil de forma generalizada, pelo contrário, apenas uma elite poderia usar tal meio de mídia, conseguiram difundir suas idéias pautadas na destruição da família, da Igreja cristã e da nacionalidade. Com isso iria destruir as bases morais e valores sociais da sociedade brasileira desde o final da década de 60 tendo êxito comprovado nos estudos das obras realizadas pelo Olavo de Carvalho nos anos 80, 90.


Para o autor, todos os que viveram nessas duas décadas e que estudaram ou leram e até fizeram universidades não teriam não tiveram faculdades de juízes e ficaram incultos e por isso, na sua opinião, soa pseudo letrados. Isso me afetou profundamente pois minha formação acadêmica se realizou justamente nessas duas décadas e por isso o que ele fala se refere especificamente a minha pessoa. Para ele, como somos iletrados, ou melhor, toda a população é imbecil e recebe as informações vindas desses intelectuais marxistas e absorvem, internalizam e reproduzem e dessa forma, os tais intelectuais com seguiram o que desejaram uma revolução, a destruição dos nosso princípios morais e a destruição da igreja Cristã, além da desconstrução da família tradicional conservadora.


O livro a que se refere o autor Olavo de Carvalho é ”Os intelectuais e a organização da cultura” de Antônio Gramsci que eu estudei em apenas na faculdade de História, dentre as 5 faculdades que fiz, e olha que nem em psicologia e filosofia teve qualquer menção a esse autor. Na verdade, o que Gramsci fala é que a função dos intelectuais é justamente analisar, avaliar, checar os fatos reais vividos de uma sociedade como um todo, seja a classe média, baixa e alta e avaliar se existe injustiça social e propor combater ou uma solução para não haver tal injustiça, isto é, busca a solidariedade e o bem comum. Somente por ai se vê o equívoco que Olavo de Carvalho comente, pois ele se refere ao autor dizendo que o tal intelectual não usa da capacidade de pensar, que dispensa o exercício penoso de inteligência individual. Não é nada disso, gente. Onde Olavo de Carvalho viu tal barbaridade?


Para dar uma alusão de que ele sabe do que está falando, ele cita autores como Karl Marx, Émile Durkheim, pai da sociologia, Auguste Comte, criador do positivismo e grande pensadores do século XIX, mas também Richard Horkheimer, Frederick Jamison, crítico literário e teórico marxista, conhecido por sua análise da cultura contemporânea e da pós-modernidade e Leandro Condé, Fernando Gabeira, hoje jornalista na Globo News e

Marilena Chauí, filósofa brasileira ligada a esquerda e afirma que essas feras não conseguem pensar a realidade, pelo contrário, eles manipulam a realidade para que as pessoas possam atuar e se comportar de certo modo que se rebelariam contra a ordem burguesa capitalista. Pessoal, Comte é o responsável pelas palavras “ordem e progresso“ da nossa bandeira, Dukheim analisa justamente a coesão da sociedade, a ordem. Marx analisa o capitalismo da Inglaterra, enfim, não tem nada haver com sua tese. Eu posso afirmar que estudei todos esses autores e não vi nada do que Olavo insinua, mas o próprio Olavo já coloca sua defesa dizendo que eu sou um iletrado, que fizeram uma lavagem cerebral em mim porque era esse o plano dos meus professores comunistas, mas espera ai, Durkheim e Comte não são comunistas e muito menos marxistas, nem os professores que ministraram tais aulas. Ai fica difícil argumentar, não é? Outro argumento dele é que existe um pensamento homogênio, mesmo não sendo marxista, acaba reproduzindo o ciclo ideológico, anulando a possibilidade de sair desse pensamento de pensadores de esquerda.


Quanto as minorias que ele cita é algo pavoroso, somente o fato de citar que em nossa cultura os negros não contribuíram em nada, inclusive que o samba e a religião africana não tem importância alguma para nós e são dispensáveis e o fato de ficarem 3 séculos escravizados não seriam nós que deveríamos pagar pro isso, em referência nos dias de hoje sobre contas em universidade, mas nem é isso que ele fala no seu livro lá na década de 90, mas sim que eles deveriam agradecer pela clemência de serem alforriados e quanto aos homossexuais, que para ele é uma opção, ele coloca que está hierarquicamente inferior aos heterossexais, que é um dado.


Quanto ao aborto é obvio a visão que ele vai ter, totalmente contra sem nenhuma possibilidade de argumentar algo diferente ou alguma indicação por prescrição médica.

Conclusão. O livro atende especificamente as pessoas que são cristãs e anti-comunistas, do mais é um livro sem nenhum embasamento de suas teses ou idéias, confuso no que se refere a uma linha de pensamento, volumoso sem mostrar uma conecção com o assunto, pelo contrário, vai divagando por vários assuntos dispersos, uma linguagem coloquial, sem falar de ser datado, pois foi publicado em 1996 e a internet entrou na nossa vida no asno seguinte e portanto não mostra jamais uma visão do Brasil do século XXI, além disso, idéias racistas e homofóbicas com agressões gratuitas, por exemplo a

Fernando Gabeira, que ele próprio fez referências ao fracasso do seqüestro do embaixador dos EUA dizendo que foi lamentável, um erro e que o grupo era sim terroristas e estavam inclinados a implementar um regime de ditadura do proletariado, mas isso contextualizado e Olavo usou o ex senador para falar sobre a liberação da maconha num contexto totalmente fora de foco.

 
 
 

Yorumlar


  • generic-social-link
  • twitter
  • linkedin

©2018 by a obra por trás do filme. Proudly created with Wix.com

bottom of page