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Os Irmãos Karamazov

  • Foto do escritor: Fernando Carlos
    Fernando Carlos
  • 2 de jun. de 2019
  • 10 min de leitura

Fiódor Dostoiévski

Escrito em 1879, uma das mais importantes obras das literaturas Russa e mundial, ou, conforme afirmou Freud "a maior obra da história". Freud considera esse romance, juntamente com Édipo Rei (427 aC) de Sófocles e Hamlet (1601) de Shakespeare (ambas peças teatrais) três importantes livros a respeito do embate pai e filho, e retratam o Complexo de Edipo.

É consenso entre os críticos que essa é a obra mais importante do mundo na literatura sobre o estudo da alma do ser humana. Temos diálogos gigantesco que exprime o sentuimento universa e uma curiosidade é que as crianças dialogam muito. Foi a última obra do autor, que pode ser encontrada em um volume ou dividido em dois, sendo que o primeiro volume, com quase 600 páginas retrata os conflitos entre a família Karamázov e seus dilemas e no segundo volume, temos o julgamento de um dos irmãos sobre o assassinato de seu pai, quer dizer, uma obra com dois temas distintos e que se completam, mas estudiosos na obra do autor afirma categoricamente que, devido o final do segundo volume, ficou uma questão aberta e a conclusão é bem contraditória e diferente das outras obras e portanto deu-se a impressão de que o autor iria fazer uma continuação, mas infelizmente faleceu.


Uma das frases que nunca foi escrita mas que permeia toa a obra é a seguinte questão: “Se Deus não existe, então tudo é permitido?” Esse questionamento é feito pelo irmão mais intelectual, o segundo irmão chamado Ivan. Esse personagem é o alter-ego do autor. Ele é o mais conciliador, o mais preparado para as discussões e o mediador de todos os outros três. Obviamente o autor não era ateu e nem questionava a existência de deus, pelo contrário, ele defendia a igreja ortodoxa católica da sua época. Essa questão é mais filosófica se fincando na moral vigente na sua terra. Ele era um profundo crítico da destruição da família e dos bons costumes. Bastante espiritualista Dostoiévski busca resgatar os valores morais numa Rússia Czarista do final do Século XIX. Nessa época existiu a grande crise financeira e o autor crítica em uma forma inteligente os principais problemas da Rússia especialmente a questão da pobreza, e da situação financeira da população russa daquela época. Estes problemas são descritos por algumas personagens no livro, através de diálogos e narrações. Estas críticas são citadas no livro por causa da experiência pessoal do próprio escritor que viveu em um país em decadência financeira e sentiu de perto toda a problemática da Rússia czarista.


Segundo o crítico Bakhtin “nesta obra as críticas sobre o capitalismo têm uma proposta de tentativa de penetrar a alma humana e revelar aquilo que era pouco visível ao mundo ocidental em uma literatura rica de questionamentos. Estudar Dostoievski é aprofundar-se de uma literatura cheia de discussões sobre o pensamento e o comportamento humano, tanto que Bakhtin o considerou como um dos maiores romancistas da literatura russa e um dos mais inovadores artistas de todos os tempos” (BAKHTIN, 2008). Provavelmente o nome Karamázov foi forjado a partir de "kara", "castigo" ou "punição", e do verbo "mázat", "sujar", "pintar", "não acertar". Significaria, então, aquele que com seu comportamento errante vai tecendo a sua própria desgraça, segundo nota dos tradutores da obra.

Na trama inicial, temos o patriarca da família, que é um homem deplorável, degradado e com apetite sexual que usa apenas para poder viver as custas do dote da esposa, um degenerado chamado Fiodor Karamazov que teve um filho chamado Dimitri, mas ficou viúvo logo cedo e ele não se importou com o filho e sim em ficar com a herança, dinheiro que vai ser o motivo de tanta discórdia. Dimitre foi criado por parentes e Fiodor casa-se novamente e tem dois filhos, Ivan e Aliéksei e da mesma forma, fica novamente viúvo e esses dois filhos são criados por parentes da segunda mulher. Nota-se que esse vai ser o piotr pai da literatura jká descrita. Ele já tinha uma situação financeira razoável e com os dotes recebidos dos casamentos, ele vai aplicar em uma rede de bares e ser um “Bom Vivant” e esquece que teve os filhos. Simplesmente ele deleta que existe filhos. Aparentemente ele teve relações com uma mendiga louca e quando ela vai dar a luz, ela pula o muro da casa de Fiodor e dá a luz ali e depois morre. Fica subentendido que toda mãe sabe quem é o verdadeiro pai e portanto ele é o pai, mas nem se dá conta desse fato, mas a criança é criada pelos empregados da casa e fica lá como um criado e seu nome é


Cada um dos filhos vai ter uma personalidade única. O primogênito vai seguir uma carreira militar e se torna tão devasso como o pai e se apaixona pela mesma mulher que seu pai chamada Gruchénka, gasta seu dinheiro com jogos e bebidas, mas tem momentos de bondade. Ivan é o mais intelectual, é ateu e filósofo. Ele quem questiona se Deus não existe, tudo é permitido. Ariosha é dócil, reconciliador e vive no mosteiro, quer dizer, se volta para a vida religiosa, é o irmão preferido por todos. Finalmente o Smierdiakóv, o irmão rejeitado, que é empregado da casa e nunca foi reconhecido pelo pai como seu verdadeiro filho, ele é o cozinheiro da casa, ressentido com os irmãos, cuida das coisas da casa e só fala quando os outros falam com ele.

O tema central da história, já que a obra é bastante complexa e cheia de personagens paralelos com tramas paralelas, o que seria impensável fazer uma sinopse, vamos no centrar somente no centro motor do livro que é a disputa da herança retida pelo pai para seu primogênito que em todos os momentos falava que iria matar seu pai, fato esse que acontece e ele passa ser o principal suspeito, sem falar que ambos amavam a mesma mulher, vulgar e sem reputação, quer dizer, tudo, absolutamente tudo falava contra Dimitri e assim começa o julgamento e os questionamentos durante o julgamento. Para quem está lendo esses cometários, somente até aqui teve quase 600 páginas e somente agora que teremos o julgamento com mais 400 páginas.


A obra é dividida em 4 partes, 12 livros e mais um epílogo e tem quase mil páginas, portanto fica claro que é impossível analisar a obra como um todo e vamos destacar somente uma passagem frequentemente citada em relação a essa obra que é “Se Deus não existe, então tudo é permitido”. Ela é na verdade uma forma parafraseada de um trecho do livro onde narram a respeito de um artigo que o personagem Ivan Karamazov acaba de publicar numa revista Ivan declarou: ”...não existe absolutamente nada que obrigue os homens a amarem seus semelhantes, se até hoje existiu o amor na Terra, este não se deveu a lei natural mas tão-só ao fato de que os homens acreditavam na própria imortalidade. ...destruindo-se nos homens a fé em sua imortalidade, neles se exaure de imediato não só o amor como também toda e qualquer força para que continue a vida no mundo. E mais: então não haverá mais nada amoral, tudo será permitido, até a antropofagia”.


Outra célebre passagem, em que Ivan narra a seu irmão Aliéksiei (o religioso) uma poesia que esta escrevendo, intitulada “O grande Inquisidor.” A idéia básica é que após a morte de Jesus, seu seguidores foram perseguidos pela santa inquisição, mas supondo que ele voltasse a Terra como homem de carne e osso, ele seria alvo de dúvida: “Será que não pensaste que ele (o Homem) acabaria questionando e renegando até tua imagem e tua verdade se o oprimissem com um fardo tão terrível como o livre arbítrio?.”

Mais a frente ele volta a refletir: “Quando a humanidade, sem exceção, tiver renegado Deus (e creio que essa era virá), então cairá por si só, sem antropofagia, toda a velha concepção de mundo e, principalmente, toda a velha moral, e começará o inteiramente novo. O amor satisfará apenas um instante da vida, mas a simples consciência de sua fugacidade reforçará a chama desse amor tanto quanto ela antes se dissipava na esperança de um amor além-túmulo e infinito”.

Ivan encontra-se três vezes com Smierdiakóv, o irmão rejeitado por todos e no encontro final ficamos sabendo que foi ele, numa confissão dramática de Smierdiakóv, que havia simulado um ataque epiléptico, assassinado seu pai Fiódor Karamázov e roubado o dinheiro, que apresenta a Ivan. Smierdiakóv alega que Ivan foi cúmplice no assassinato ao informar Smierdiakóv de quando estaria partindo da casa de Fiódor, e principalmente ao inculcar em Smierdiakóv a crença de que em um mundo sem Deus “tudo é permitido”. O livro termina com Ivan tendo uma alucinação em que é visitado pelo diabo, que atormenta Ivan ao zombar de suas crenças. Aliócha encontra Ivan desvairado e informa-lhe que Smierdiakóv se matou logo após o encontro final deles.


No terceiro livro temos o mote para incriminar Dmitri. Fornece detalhes do triângulo amoroso entre Fiódor, seu filho Dmitri e Grúchenka. Numa das cenas mais importantes, Dmitri se esconde perto da casa do pai para ver se Grúchenka chegar. O fato é que ele é noivo de Catierina e pede dinheiro empreswtado para pode fugir com Gruchenka. Como ele deve deve dinheiro à sua noiva Catierina, considera-se um ladrão se não devolvê-lo antes de fugir com a amante. Ela abre seu coração e afirma que ama Dimitri e justo quando Dmitri e Grúchenka estão planejando se casar, a polícia entra na estalagem e informa a Dmitri que ele está preso, acusado do assassinato de seu pai.


Nessa mesma noite, Dmitri entra na casa do pai e o ataca, enquanto ameaça voltar e matá-lo no futuro. Aliócha é testemunha da humilhação de Catierina, noiva de Dmitri, por Grúchenka, resultando num terrível constrangimento e escândalo para essa mulher orgulhosa. O outro suspeito que estava na casa na hora do assassinato era o irmão rejeitado pessoa na casa no momento do assassinato era Smierdiakóv, que estava incapacitado devido a um ataque epiléptico que aparentemente sofrera no dia anterior. Como resultado dos indícios esmagadores contra ele, Dmitri é formalmente acusado de parricídio e levado à prisão para aguardar o julgamento.


No último livro, o Livro XII, detalha o julgamento de Dmitri Karamázov pelo assassinato de seu pai Fiódor. O drama na sala do tribunal é fortemente satirizado por Dostoiévski. Os homens na multidão são apresentados como ressentidos e vingativos, e as mulheres sentem-se irracionalmente atraídas pelo romantismo do triângulo amoroso entre Dmitri, Catierina e Grúchenka. A loucura toma conta de Ivan e ele é carregado para fora da sala do tribunal após narrar seu encontro final com Smierdiakóv e a mencionada confissão.

O ponto de virada no julgamento é o depoimento condenador de Catierina contra Dmitri. Enfurecida pela doença de Ivan que acredita resultar de seu suposto amor por Dmitri, ela apresenta uma carta escrita por Dmitri bêbado dizendo que mataria Fiódor. A seção se encerra com as observações finais eloquentes do promotor e da defesa, e o veredicto de que Dmitri é culpado e suas sentença é de vinte anos de trabalhos forçados na Sibéria.


Esse final é absolutamente distinto de tudo que Dostoiévisk escreveu e acredita e portanto temos um epílogo que começa com a discussão de um plano desenvolvido para a fuga de Dmitri, que envolve Ivan e Catierina subornando uns guardas. Aliócha aprova, primeiro porque Dmitri não está emocionalmente preparado para se submeter a uma sentença tão dura, segundo porque é inocente, e terceiro porque nenhum guarda ou funcionário seria prejudicado ao ajudar na fuga. Dmitri e Grúchenka planejam fugir para a América e trabalharem como agricultores ali por vários anos, e depois retornarem à Rússia sob nomes americanos falsos, porque ambos não conseguem conceber viverem fora da Rússia. Dmitri implora que Catierina o visite no hospital, onde está se recuperando de uma doença antes de ser enviado à Sibéria. Nessa visita, Dmitri pede desculpas por tê-la magoado; ela por sua vez pede desculpas por ter apresentado a carta acusadora durante o julgamento. O romance termina no funeral de menino Iliúcha, onde seu amigos ouvem o “Discurso Junto À Pedra” de Aliócha. Aliócha então narra a promessa cristã de que um dia se reunirão após a Ressurreição. Chorando, os doze meninos gritam: "Hurra, Karamázov!" Alióchia compreendia perfeitamente que a alma resignada do povo simples da Rússia, oprimida pelo trabalho e pela desgraça, especialmente pela injustiça e pelos pecados incessantes não tinha maior necessidade, maior suave consolo, do que encontrar um santuário ou um santo, cair aos seus pés e adorá-lo. Neste fragmento é notável a critica de Aliocha às condições de trabalho e sua insatisfação com a injustiça social, disfarçadamente ele joga a culpa nos pecados das pessoas, visando a solução em milagres através dos santos.

As narrações das personagens na obra fazem o leitor pensar profundamente sobre as situações do cotidiano das classes social russa czarista, tanto que o filósofo Sartre também, dentre outros, discute questões vivenciadas pelos personagens de Dostoiévski e reconhece a influência desse escritor (NUTO, 2011).


Filme.

Os Irmãos Karamazov (1958). Direção de Richard Brooks. Sinópse: 1870, Ryevsk, pequena cidade na Rússia czarista. Fyodor Karamazov (Lee J. Cobb) é um viúvo mulherengo, que por motivos vários entra em choque com seus filhos: Ivan (Richard Basehart), um escritor; Alexi (William Shatner), um padre; e Dmitri (Yul Brynner), um militar. Dmitri alega que Fyodor roubou a herança deixada pela mãe dele. Há também Smerdjakov (Albert Salmi), seu filho bastardo, um epiléptico que Fyodor trata como se fosse um serviçal. Dmitri está noivo de Katya (Claire Bloom), que recebeu uma grande herança e o ama. Dmitri, por sua vez, se sente muito atraído por Grushenka (Maria Schell), a amante de Fyodor. Neste turbulento contexto Ivan passa a amar Katya.


O diretor é Russo e filmou uma obra russa com produção norte-americana em 1957, o que era bastante subversivo na época em plena Guerra Fria mostrando o lado negativo de uma Rússia do final do século XIX. O filme é competente em identificar a crítica que Dostoievski fez à sociedade de sua época, a questão do dinheiro dominar o comportamento dos indivíduos e também demonstrar a inquietação do personagem Ivan que coloca que se Deus não existe deixaria de orientar a conduta das pessoas, as relações sociais ficariam caóticas. Para Dostoievski, valores como honra, dignidade, honestidade e solidariedade nascem da crença em Deus e conferem nobreza ao ser humano. O final bastante criticado pelos seus leitores denuncia a devassidão de Dimitri e Grushenka condenados pelo júri e ao mesmo tempo santificados pelos irmãos. O ateu Ivan começa a acreditar em Deus indicando que ele realmente é o alter-ego do autor. A história vai ganhando força a cada cena, a cada história com suas reviravoltas. Nada tira da força do consagrado livro em que foi baseado no que se refere a ser uma descrição e estudo da alma da humana.


Deus vence o demônio e o amor conduz as atitudes no mundo. Infelizmente, por ser um filme, teve que focar apenas na trama principal e foi focado basicamente em Dimitri e obviamente teve algumas mudanças, como a história do garoto Iliúcha que foi alterada conseguindo costurar bem a narrativa. Destaque para o elenco muito bom assim como as atuações. O diretor Richard Brooks soube transportar com maestria para as telas o dramático conteúdo do livro de Fiódor Dostoievski. O elenco foi escolhido a dedo.

Yul Brynner, um ator russo e com porte impressionante, foi uma escolha acertada para viver o idealista Dmitri Karamazov. Lee J. Cobb, Maria Schell, Claire Bloom tiveram atuações destacadas.

Nota 10.

 
 
 

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