Quincas Borba - Análise da obra
- Fernando Carlos
- 28 de dez. de 2018
- 4 min de leitura
De Machado de Assis.

Publicado em 1891, considerada por muitos uma obra realista e por outros naturalista. 10 anos antes, ano de 1881 é considerado como ano do surgimento do Realismo brasileiro e justamente com a obra magnífica curiosa e criativa do mesmo autor “Memórias Póstumas de Brás Cubas”. Somente depois de 10 anos o Machado de Assis escreve essa obra prima, que faz referência direta a outra anterior, já que o personagem Quincas Borba foi amigo de Brás Cubas e na obra anterior ele aparece como mendigo, ladrão, herdeiro, fica rico por conta da herança, criador da filosofia Humanitas mas fica louco e morre. Nessa, ele ainda está vivo. Há um consenso entre os críticos de que essas duas obras juntamente com a obra Dom Casmurro de

1899 formam uma trilogia. As três buscam mostrar o caráter do brasileiro, suas falhas que corroem o ser humano, assim como nas obras de Shakespeare, que todos sabem, Machado era um leitor assíduo e fazia referências das obras do britânico no enredo da várias obras durante toda sua carreira. Nas três obras o autor faz o questionamento da verdade, que vem da palavra grega “aneteia”, isto é, o que merecia ser lembrado e essa verdade e será dita na voz de seus personagens ou pelo menos questionada.

Se repararem bem, nas três obras temos diferentes narradores, na primeira ele escreve na primeira pessoa, é Dom Casmurro que narra e portanto quem vai dar a voz da verdade, já na segunda não será o protagonista e sim a narrativa é na terceira pessoa, que é omnisciente de tudo, isto é, é a voz de Machado de Assis. Outra observação é que na fase romântica do ator, os nomes das obras eram nomes de mulher: Helena, Diva e Iaia Garcia. Aqui vemos nomes de homens: Brás Cubas, Quincas Borba e Dom Casmurro e todas com intenção de mostrar uma sociedade carioca improdutiva e parasitária. Estamos falando de Machado de Assis na sua fase madura de suas obras, mas como sempre com a visão pessimista. Para ele o homem está fadado ao fracasso, mesmo que ele tenha todos os ingredientes para o sucesso, como demonstrado no personagem Rubião, que tinha todas as condições sócio econômicas e culturais para a felicidade, mas jogou essa felicidade fora e ainda perdeu toda a razão terminando a vida louco como seu mestre, mas pobre. Essa loucura nos remete a traços do naturalismo dentro do romance. Alguns autores consideram que a obra é mais naturalista que realista, mas certamente na sua maior parte é realista contendo apenas traços naturalista.

Como já citamos, a narrativa é em terceira pessoa (omnisciente) e de forma linear, isto é, inicia-se com Rubião aprendendo filosofia com Quincas Borba em Barbacena no interior de Minas Gerais e depois vindo para o Rio de Janeiro capital da época. O período histórico em que ocorre a narrativa é o segundo reinado, já em decadência e com a perspectiva da proclamação da república em 1889. O autor vai fazer críticas a esse período de história.

O casal que vai acolher Rubião representa a sociedade que Machado quer criticar, que seria aqueles que arranjasse maneira de irregular de aumentar fortuna, enganando, saindo da ética são os que se davam bem, já os que tentavam ganhar dinheiro honestamente estavam fadados ao fracasso. Rubião, que depois que recebe a herança e vem para o Rio de Janeiro conhece a fama e a hipocrisia e vai de trem e no trem ele conhece o casal Palha (referência a palavra Palhaço). O trem representa o marco do progresso do século XIX.
As relações amorosas são cheia de críticas e ironias. A primeira que aparece de Quincas Borba com Maria Piedade, mas ela morre. A segunda com Cristiano Palha e Sofia, que no livro já estão casados e o marido a usa para adquirir prestígio e para

atrair riqueza e a terceira relação é doentia, a relação entre Rubião e Sofia, em que ele se apaixona por ela perdidamente e é esse amor que vai levá-lo a loucura e pobre. Por outro lado, Sofia não tinha nenhum atracão por ele e a última é a relação do Carlos Maria, rico e bem articulado com a Maria Benedita, pobre vinda do interior, mas que se adaptou rapidamente a cidade e ambos se apaixonam e casaram e tiveram filho.
A questão da filosofia do livro é uma crítica as teorias vigentes da época que fugia do que Machado de Assis acreditavam que seria o humanismo e por isso ele coloca na obra Humanitismo, e a frase famosa: ”Aos vencedores as batatas” faz referencia a teoria darwinista onde a lei do mais forte prevalece, quer dizer, se temos duas tribos e pouucas batas, uma vence a outra e fica com as batatas.

Outro aspecto a ser analisado é o fato do marido sentir prazer ao ver sua esposa sendo admirada e cobiçada por outros homens, o que não vale para ela, que sente-se mais constrangida e só não trai de fato o marido por falta de oportunidade e de não ter nenhuma atracão por Rubião, que mantém a relação com a vítima forçada. Não teve parceiro a altura, embora gostava de Carlos Maria que era rico e gostava de Maria Benedita.
Análise da obra baseado na aula do professor de literatura João Batista Gomes e o site “Clic Estudante no site: https://clickestudante.com/analise-da-obra-quincas-borba.html postado em 23/12/2018 at 18:12 (acessado em 28/12/18 as 18:26h).
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